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Mostrando postagens de janeiro, 2025

“Estampado” (BMG/Ariola, 2003), Ana Carolina

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Por Sidney Falcão   Desde o lançamento de seu primeiro álbum autointitulado, em 1999, Ana Carolina conquistou o público com sua voz marcante e letras poéticas. A canção "Garganta" rapidamente se tornou um hit, projetando-a para o estrelato e rendendo comparações com nomes como Cássia Eller (1962-2001), Zélia Duncan e Adriana Calcanhotto. Seu segundo álbum, Ana Rita Joana Iracema (2001), contendo faixas como "Quem de Nós Dois (La Mia Storia Tra le Dita)" e “Pra Terminar”, consolidou sua posição no cenário musical, explorando uma gama de sonoridades que iam do pop ao samba. Influenciada por grandes ícones da MPB, como Maria Bethânia, Chico Buarque, Elza Soares (1930-2022) e a já citada Cássia Eller, Ana Carolina desenvolveu um estilo próprio, caracterizado pela profundidade emocional e intensidade de interpretação. No entanto, foi com Estampado que a cantora mineira atingiu o ápice de sua carreira, entregando um trabalho que superou as expectativas e a firmou como...

“Blood On The Tracks” (Columbia, 1975), Bob Dylan

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Por Sidney Falcão No início da década de 1970, Bob Dylan enfrentava um período de instabilidade criativa e pessoal. Após uma série de álbuns irregulares e uma breve passagem pela gravadora Asylum Records, onde lançou os álbuns Planet Waves e o álbum ao vivo Before the Flood com The Band, ambos em 1974, Dylan parecia distante da inspiração que o consagrou nos anos 1960. Foi logo após a turnê no começo de 1974 com The Band, marcada por uma maratona de shows pela América do Norte, que Dylan começou a enfrentar uma crise pessoal ainda mais profunda: o colapso de seu casamento de anos com sua esposa Sara, mãe de seus quatro filhos. Essa ruptura foi catalisada por um envolvimento extraconjugal com Ellen Bernstein, uma jovem funcionária da Columbia Records, gravadora à qual Dylan retornaria após sua breve estadia na Asylum.   Em meio a essa tempestade emocional, Dylan buscou refúgio na arte, matriculando-se em aulas de pintura com o artista Norman Raeben, que o ajudou a expandir sua ...

“A Love Supreme” (Impulse!, 1965), John Coltrane

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Por Sidney Falcão John Coltrane (1926-1967) já era uma figura consagrada no universo do jazz quando, em 1964, registrou A Love Supreme . Com uma carreira que passou pelas orquestras de gigantes como Miles Davis (1926-1991) e Thelonious Monk (1917-1982), Coltrane era reconhecido por sua habilidade técnica e pela busca constante de algo mais profundo e autêntico dentro da música. No entanto, o álbum que ele criou naquele ano representaria uma transição definitiva em sua trajetória, uma redefinição não apenas da sua sonoridade, mas também do próprio conceito de espiritualidade musical. A Love Supreme nasceu de uma transformação interna que viria a marcar para sempre a história do jazz e da música em geral: a superação de um vício, a redenção espiritual e o encontro com uma nova forma de expressão.   Coltrane, que no final da década de 1950 passara por um período de intensos desafios pessoais e profissionais, encontrou em sua recuperação do vício em heroína uma espécie de epifania...

“Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” (Warner, 1987), Titãs

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Por Sidney Falcão Em 1986, CabeçaDinossauro fez com que os Titãs saíssem da condição de uma banda mediana para a linha de frente do rock nacional. Combinando letras corrosivas, que atacavam o conformismo e a repressão, com uma sonoridade crua e direta, a banda paulista conseguiu um raro feito: agradar tanto à crítica quanto ao público em uma época de efervescência cultural. O sucesso desse álbum, marcado por hits instantâneos como “Polícia”, “O Que”, “Homem Primata”, “Família”, “AA UU” e “Bichos Escrotos”, trouxe uma nova responsabilidade para a banda: o que fazer a seguir? Em meio à alta expectativa, os Titãs abraçaram o desafio de continuar inovando, e o resultado foi Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas , o quarto álbum de estúdio da banda. Se Cabeça Dinossauro foi uma revolução, Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas representou a consolidação dessa revolta criativa, expandindo os horizontes da banda sem perder o vigor que a consagrou.   Os Titãs entraram em es...

“Crosby, Stills & Nash” (Atlantic, 1969), Crosby, Stills & Nash

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Por Sidney Falcão C rosby, Stills & Nash foi formado em 1968, reunindo três vozes distintas da cena do rock americano: David Crosby (1941-2023), Stephen Stills e Graham Nash. A formação do trio marcou uma virada na história do rock, pois eles combinaram seus talentos únicos para criar uma mistura harmoniosa de folk, rock e pop, que ressoou profundamente com o movimento contracultural da época.   Em 1967, David Crosby havia deixado o The Byrds, banda que cofundou e ajudou a moldar como um dos grupos mais influentes da década de 1960. Sua saída ocorreu após tensões dentro da banda, particularmente sobre sua direção artística e visões políticas, que frequentemente estavam em desacordo com os outros membros. Stephen Stills, por outro lado, era um membro-chave do Buffalo Springfield, uma banda californiana conhecida por sua mistura inovadora de rock, folk e country. No entanto, conflitos internos e a saída de Neil Young levaram à dissolução do Buffalo Springfield. Graham Nash, vin...