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Mostrando postagens de novembro, 2016

“The Joshua Tree”( Island Records,1987 ) U2

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Foi com The Joshua Tree que o U2 deixou de ser apenas uma boa banda pós-punk para se tornar um gigante do rock. Com The Joshua Tree , o U2 rompe as amarras que o prendiam à sonoridade pós-punk ao se aproximar com esse disco, de sons até então distantes do universo da banda como blues, gospel (o original) e a folk music. Os Estados Unidos eram o grande foco do álbum. Os temas ligados à política externa norte-americana e da vida na América foram a base temática do disco. Mudou a sonoridade, mas o senso crítico afiado desde os tempos de “Sunday, Bloody Sunday” permaneceu intacto. The Joshua Tree é um disco de grandes e memoráveis canções que permaneceram no imaginário dos fãs do U2 nas últimas três décadas, até mesmo dos fãs mais jovens que nem mesmo eram nascidos na época em que foi lançado, em março de 1987. Quem não se emocionou com "I Still Haven't Found What I'm Looking For" e com sua nova versão com o U2 e um coral gospel no álbum Rattle And Hum , de 198

“Transa”(Famous/Philips, 1972), Caetano Veloso

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Transa é o quarto álbum da carreira de Caetano Veloso, e seu segundo álbum “londrino”. Assim como o álbum anterior, Caetano Veloso (1971), Transa foi gravado durante o exílio de Caetano em Londres, Inglaterra, após ser expulso do Brasil em 1969 pelo governo militar, obrigando-o a ficar fora do país por três anos. Se no álbum Caetano Veloso , ficam explícitas tristeza e melancolia do cantor por causa da distância da terra natal, Transa expõe a saudade, a nostalgia de suas origens, mas sem o tom melancólico do álbum anterior. Antes de gravar Transa , Caetano havia conseguido uma autorização do governo ditatorial para vir ao Brasil e assistir as comemorações dos 40 anos de casamento dos seus pais, em janeiro de 1971. Ele veio com sua então esposa, Dedé Gadelha e passou cerca de um mês no Brasil. Sua estadia foi um tanto quanto tensa, sob total vigilância dos militares que trataram de vigiar seus passos. Num acordo com os militares, Caetano teve a permissão p

"Roots”(1996), Sepultura

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Em 20 de fevereiro de 1996, chegava às lojas de discos de todo o mundo o álbum Roots , o sexto da carreira do Sepultura. Roots é o mais controverso álbum da discografia do Sepultura, trabalho que desperta paixão e ódio entre os fãs da banda mineira. Contudo, a sua proposta experimentalista que envolve percussão afro-baiana e gravações com índios xavantes, fez Roots agradar em cheio a crítica internacional que viu nele um disco fora dos padrões convencionais de um álbum de heavy metal. Acho que o que faz até hoje metade dos fãs rejeitarem Roots , talvez seja a presença da percussão, e em especial, a presença de Carlinhos Brown, peça fundamental para que a proposta percussiva do disco desse certo. O fato de Brown ter a sua imagem associada à axé music, assustou os fãs mais “ortodoxos”. Me lembro que na época, pensou-se em convidar Naná Vasconcelos. Mas acabou o baiano entrando no projeto, o que pra mim, foi uma decisão certeira. Sepultura com pinturas indígenas numa tribo

“Ramones”(1976), Ramones

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Em 1976, o rock vivia em pleno estado de abundância e estrelismo. Astros de rock frequentavam as altas rodas, ilustravam capas de revistas e faturavam aos milhões. Bandas de vertentes roqueiras sofisticadas como o rock progressivo, “arrotavam” virtuosismo através de discos com produções caríssimas, faixas longas e shows cheios de pirotecnia e efeitos especiais. Nadando contra a corrente e alheios à “hollywoodiação” em que se encontrava o rock, surgiam da cena underground de Nova York quatro caras cabeludos vestidos com casacos pretos de couro, calças jeans rasgadas e tênis sujos tocando um som rápido, caceteiro, barulhento com pouquíssima técnica e sem nenhuma firula. Eram os Ramones que em 23 de abril daquele mesmo ano, lançavam pelo selo Sire Records, o seu primeiro e autointitulado álbum. Gravado praticamente em uma semana, ao custo de pouco mais de US$ 6 mil e com instrumentos de segunda mão, Ramones , o álbum, fazia um contraponto àquele rock pomposo daquele momento.

“The Queen Is Dead” (1986), The Smiths

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Há 30 anos, os Smiths lançavam a sua grande obra-prima: The Queen Is Dead . O terceiro álbum do quarteto inglês consolidou e cravou para a história do rock o estilo dos Smiths, baseado no lirismo e na melancolia das letras de Morrissey e nos arranjos simples e melodiosos da guitarra de Johnny Marr. Não seria exagero meu afirmar que The Queen Is Dead figura lado a lado de álbuns icônicos de rock dos anos 1980 como The Joshua Tree , do U2, Appetite For Destruction , dos Guns’n’Roses e Brothers In Arms , do Dire Straits. Sempre em que são feitas pela imprensa enquetes dos maiores álbuns de rock de todos os tempos, The Queen Is Dead está presente nessas listas. The Smiths Lançado pelo selo independente inglês Rough Trade, The Queen Is Dead foi bem recebido pela crítica que caiu de elogios pelo disco. A capa do álbum mostra uma imagem de Alain Delon extraída de uma cena do filme L’Insoumis. A imagem carrega um certo teor homoerótico. A banda abre o álbum ridicul

“Revoluções Por Minuto" (1985), RPM

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O ano de 1985 foi o ano da virada do rock paulista sobre o rock carioca. Até então, desde o renascimento do rock brasileiro com a Blitz, em 1982, o rock carioca nadava de braçadas no mainstream do rock nacional. A maioria dos astros era carioca: Kid Abelha, Lulu Santos, Herva Doce, Ritchie (inglês, radicado no Rio), Barão Vermelho e Lobão & Os Ronaldos. Eram sucesso de vendas e de execução em rádio e TV. Não foi à toa que toda a ala roqueira nacional da primeira edição do Rock in Rio foi carioca, apesar de achar que os paulistas do Rádio Táxi, cheio de hits no rádio naquele momento, mereciam estar no festival. Mas na virada de 1984 para 1985, a coisa começou a mudar a favor dos paulistas. Os primeiros nomes da cena underground do rock paulista começaram conquistar espaço no mainstream do rock nacional com Magazine, Titãs e Metrô. Em 1985, outras bandas engrossavam a "invasão paulista" no mainstream com Ira!, Ultraje a Rigor, Zero e mais outras bandas. Dentro dess

"Carlos, Erasmo" (1971), Erasmo Carlos

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Ok, Erasmo sempre será lembrado pela sua fase Jovem Guarda. Mas musicalmente falando, a sua fase "setentista" é de longe, a mais rica e mais ousada da sua carreira. Quando a Jovem Guarda acabou, em 1968, Erasmo procurou dar um novo rumo à sua música. O seu parceiro Roberto Carlos, também passava por um processo de transformação ao se aproximar da soul music e da música romântica. Assim como Roberto Carlos, Erasmo também seguiu o caminho da soul music. Mas diferente do “Rei”, Erasmo procurou um leque maior de possibilidades. Talvez inspirado no que os tropicalistas faziam, Erasmo procurou transitar por uma musicalidade mais brasileira e pop. Por isso que no finalzinho dos anos 1960, ele já experimentava o nascente samba-rock, se aproximava da MPB, flertava com a soul music, mas costurava tudo isso com o rock. O último disco do "Tremendão" pela RGE, o Erasmo Carlos E Os Tremendões , de 1970 , já dava indícios da transformação na música de Erasmo.