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Mostrando postagens de outubro, 2022

“Talking Book” (Motown Records, 1972), Stevie Wonder

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Por Sidney Falcão Até o início dos anos 1970, as músicas gravadas pelos artistas da Motown Records seguiam um padrão rígido imposto pelo “todo poderoso” fundador da companhia, Berry Gordy: as canções teriam que durar no máximo três minutos, e os temas abordados deveriam ser sobre amor e assuntos banais do cotidiano. Teriam que ser canções agradáveis, inofensivas, bem ao gosto do público mais comportado. E foi baseado nesse padrão musical comportado e muito bem produzido, que a Motown fez história na música pop. Ganhou fama e focou especificamente o mercado da música pop negra norte-americana durante toda a década de 1960. Aquele padrão para Gordy representava sucesso e, claro, lucros, muitos lucros. Mas naquele começo de anos 1970, os tempos eram outros. Cantores negros como Isaac Hayes (1942-2008) e Sly Stone, por exemplo, estavam praticando um tipo de R&B mais maduro, mais engajado e contestador, rompendo com os formatos impostos pelas gravadoras. O movimento black power , a

10 discos essenciais: Milton Nascimento

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Por Sidney Falcão "Se Deus cantasse, teria a voz de Milton Nascimento". Essa frase foi dita por Elis Regina (1945-1982), considerada a maior cantora do Brasil em todos os tempos, ao se referir ao amigo Milton Nascimento. Cantor e compositor nascido no Rio de Janeiro, Milton foi criado em Minas Gerais, e encarnou como poucos artistas a alma e a essência da cultura mineira. Milton se tornou uma espécie de farol da música de Minas Gerais desde o momento em que foi a figura central do chamando Clube da Esquina, movimento musical mineiro que ganhou projeção na década de 1970 e influenciou a música brasileira, assim como a bossa-nova e o tropicalismo. Milton Silva Nascimento nasceu 26de outubro de 1942, na cidade do Rio de Janeiro. Filho de uma empregada doméstica, seu pai abandonou a ambos. Quando teve os primeiros problemas de tuberculose, a empregada doméstica e o seu filho foram acolhidos pela família dos patrões. A mãe de Milton faleceu quando ele tinha pouco mais de dois

“Spice” (Virgin Records, 1996), Spice Girls

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Por Sidney Falcão O ano era 1996, e o Reino Unido vivenciava o auge das bandas de britpop , sobretudo Oasis e Blur, as bandas que tinham maior prestígio e protagonizavam uma rivalidade entre elas bastante acirrada. Ao mesmo tempo, o período marcava o declínio da geração de boybands britânicas da primeira metade dos anos 1990, da qual faziam parte Take That e East 17, que após muito sucesso e milhões de discos vendidos, estavam chegando ao fim. Em meio a esse cenário da música pop da terra da Rainha Elizabeth II, naquele ano de 1996, um quinteto de garotas escalava as paradas de sucesso com uma canção que era um misto de pop e hip hop. Eram as Spice Girls e seu single “Wannabe” estourando nas paradas de rádio e em vendas de singles. Estava começando então uma “febre” pop que iria não só alcançar todo o Reino Unido como o resto do planeta, e que duraria os próximos dois anos. A história das garotas começa em janeiro de 1994, quando os empresários Bob Herbert (1942-1999) e Chris He