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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

“As Aventuras da Blitz” (EMI-Odeon, 1982), Blitz

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Na virada dos anos 1970 para os anos 1980, o Brasil vivia um processo de transição. Na política, apesar do país ainda estar sob o regime ditatorial militar, o então presidente João Batista Figueiredo havia implantado a “abertura” que permitiu o retorno dos exilados políticos ao Brasil. A “abertura” não significava o fim da ditadura militar, mas era o começo do seu fim. A transição também estava presente no cenário da música pop brasileira. Nomes como Guilherme Arantes, A Cor do Som, Marina (hoje Marina Lima), 14-Bis, Rita Lee eram alguns dos artistas que representavam o pop brasileiro, fazendo um tipo de música que guardava resquícios da musicalidade dos anos 1970, mas com um pé no som nascente dos anos 1980. As rádios FM, ainda “engatinhando” no Brasil, eram os veículos de divulgação do pop brasileiro daquele momento, que também tocavam música pop estrangeira, indo da então decadente disco music à new wave (esta em plena ascensão), passando pelo soft rock. Foi nesse cen

“Luz” (CBS, 1982), Djavan

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Entre o final dos anos 1970 e começo dos anos 1980, Djavan era um jovem astro da MPB ­em ascensão com quatro álbuns na sua discografia e sucessos tocando no rádio e na TV. O alagoano revelava-se não só um grande cantor, mas também um compositor talentosíssimo, dono de uma linha poética bastante rebuscada e refinada nas canções. Não foi à toa que isso acabou chamando a atenção de artistas consagrados como Maria Bethânia, Nana Caymmi, Roberto Carlos e Elis Regina que gravaram as suas canções naquele momento. Após a sua passagem pela Som Livre onde gravou o seu primeiro disco em 1976, Djavan iniciou uma fase promissora na gravadora EMI-Odeon, a partir do segundo álbum, que leva o seu nome, lançado em 1979. Além do segundo, lançou mais dois álbuns, Alumbramento (1980), do megassucesso “Meu Bem Querer”, e Seduzir (1981), álbum que emplacou a faixa título e “Faltando Um Pedaço”. O ano de 1981 foi bastante positivo para Djavan. A partir do álbum Seduzir , o cantor passou a ter

Discos Essenciais - 1 ano

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O blog começou experimentalmente em agosto de 2016 com o nome Grande Discos, Grandes Clássicos . Seis meses depois, em 17 de fevereiro de 2017, o blog mudou seu nome para Discos Essenciais , um nome mais curto e mais direto à proposta do blog. Hoje, Discos Essenciais completa 1 ano.    

“Vibrações” (RCA, 1967), Jacob do Bandolim & Época de Ouro

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Jacob do Bandolim foi um dos mais fantásticos instrumentistas da história da música popular brasileira. Ficou marcado pelo perfeccionismo ao executar o seu instrumento e pela defesa do choro, gênero musical do qual é um dos maiores ícones, ao lado de Pixinguinha, Waldir Azevedo, Luiz Americano dentre outros. Além do perfeccionismo, outra característica marcante em Jacob era a personalidade forte. Dizia o que pensava sem mandar recados, não tinha papas na língua. Era um crítico ácido a qualquer tipo de descaracterização da música popular brasileira, principalmente o choro. Tinha em Pixinguinha o modelo padrão de choro, uma referência. Detestava a bossa-nova por achar uma tentativa de “americanizar” a música brasileira. Pixinguinha: modelo padrão de choro para Jacob do Bandolim. No entanto, Jacob parecia ser dotado de um espírito controverso. Se por um lado tinha um pavor profundo da bossa-nova, por outro nutria uma admiração pela canção “Chega de Saudade”, de Viníci

10 discos essenciais: folk rock

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Até meados da década de 1960, o rock tinha fúria, “músculos”, muita “testosterona”, mas faltava-lhe “neurônios”, um discurso mais contundente, um texto maduro. O rock ainda falava de festinhas, garotas, carrões, mas não era politizado. A rebeldia estava apenas no som elétrico das guitarras, mas não na palavra. Quem vai dar o poder da palavra ao rock é a folk music, gênero musical que não tinha a eletricidade do rock, mas sua força se concentrava nos versos contestadores, nas canções de protesto que estavam em voga desde o início dos anos 1960. Woody Guthrie (1912-1967), o “pai” da folk music como conhecemos hoje, cantava sobre os problemas sociais do povo nas portas das fábricas, nas praças e nas ruas norte-americanas na década de 1940. Guthrie tornou-se uma referência duas décadas depois para o jovem Bob Dylan, que se torna o ícone das canções de protesto no começo dos anos 1960, liderando uma nova geração de artistas de folk music que surgia, cantando e tocando para um público p