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Mostrando postagens de julho, 2023

"New York Dolls" (Mercury Records, 1973), New York Dolls

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Por Sidney Falcão Imagine uma banda de rock composta por cinco indivíduos vestindo calças coladas ao corpo, echarpes, botas com saltos plataforma imensos, os rostos com maquiagem pesadas e os lábios marcados com baton, tocando um tipo de música que seria uma mistura do rock'n'roll dos Rolling Stones com o peso e a fúria sonora do MC5. Esse bando de malucos entrou para a história do rock com o sugestivo nome de New York Dolls ("Bonecas de Nova York"). Com o seu visual andrógino tosco e a sua crueza sonora, os New York Dolls sacudiram a cena roqueira alternativa de Nova York na primeira metade dos anos 1970 e ajudaram a pavimentar caminho para uma nova geração de bandas nova-iorquinas que viria pouco depois como Ramones, Blondie, Talking Heads e Television, e que daria um novo rumo para o rock, não apenas nos Estados Unidos, mas também no Reino Unido. A história dos New York Dolls começa em 1971, tendo em sua formação David Johansen (vocais), Johnny Thunders (guitarra s

“Krig-ha, Bandolo!” (Philips, 1974), Raul Seixas

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Por Sidney Falcão Foi na sétima edição do Festival Internacional da Canção , em 1972, que um jovem magro, vestido ao estilo Elvis Presley anos 1950 (topete e jaqueta de couro), subiu ao palco e surpreendeu o público cantando a canção “Let Me Sing, Let Me Sing”, uma mistura inusitada de rock’n’roll com baião. O jovem artista era Raul Seixas (1945-1989), e a partir daquela apresentação, a sua vida não seria mais mesma... e nem a da música brasileira.  Mas até chegar àquele palco, Raul percorreu um longo caminho de experiências e frustrações. Raul Santos Seixas nasceu em 28 de junho de 1945, em Salvador, Bahia, filho de pai engenheiro ferroviário e de mãe dona de casa. Raul descobriu o rock’n’roll aos 12 anos, quando ele e sua família mudaram-se para uma casa próxima ao consulado americano em Salvador. Através da amizade com os americanos do consulado, Raul teve contato com discos de Elvis Presley (1935-1977), Little Richard (1932-2020), Chuck Berry (1926-2017), Fats Domino (1928-2017)

"We’re An American Band", (Capitol Records, 1973), Frand Funk Railroad

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Por Sidney Falcão Durante primeira metade dos anos 1970, a Grand Funk Railroad foi uma das mais populares bandas do rock americano. Através do seu hard rock contagiante, a banda americana lotava estádios e arenas nas suas apresentações ao vivo, e vendia milhões de discos a cada álbum que lançava. No entanto, a fama e o sucesso comercial não foram suficientes para convencer a imprensa musical do talento e da capacidade da Grand Funk Railroad. Boa parte da crítica musical da época, tinha uma implicância ou intolerância com a banda.  Essa situação só mudou somente com a chegada do sétimo álbum da banda, We’re An American Band , lançado em 1973, um trabalho da Grand Funk que finalmente ganhou o reconhecimento da crítica, além, é claro, de ter alcançado um grande êxito comercial. Mas até chegar ao aclamado We’re An American Band , o grupo percorreu um caminho que começa com um fim de uma banda, passa por uma rápida ascensão e chega até uma batalha judicial que quase acabou com o Grand Funk

10 discos essenciais: Soft rock

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Por Sidney Falcão No começo dos anos 1970, John Lennon (1940-1980) proferiu uma frase que retratou muito bem aquele início de década: “o sonho acabou”. Os Beatles haviam acabado, Janis Joplin (1943-1970), Jim Hendrix (1942-1970) e Jim Morrison (1943-1971) haviam morrido, e com eles se foram todo o sonho e a utopia hippie juntamente com o fim dos anos 1960. Era hora de desarmar as barracas, raspar a barba, cortas os cabelos, e encarar a dureza da realidade trazida com a nova década que chegava. Àquelas alturas, quem vivenciou a juventude nos loucos anos 1960, havia chegado ou estava para chegar à faixa dos trinta anos, estava procurando emprego, dando um novo rumo na vida, estava casando e formando família.  Com essas transformações na vida pessoal daquelas pessoas, até o gosto musical sofreu alguma alteração. Quem passou a juventude ouvindo rock na década anterior e chegou à maturidade naquele início de anos 1970, queria, no entanto, distância do peso e da agressividade do hard rock qu

“Radioatividade” (EMI-Odeon), Blitz

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  Por Sidney Falcão  O sucesso do megahit “Você Não Soube Me Amar” deixou a Blitz cheia de moral dentro da gravadora EMI. Além do single da canção ter vendido mais de 800 mil cópias, o álbum de estreia da banda, As Aventuras da Blitz (1982), chegou à marca das 300 mil cópias vendidas. E se isso não bastasse, o fenômeno Blitz ainda ajudou a abrir as portas das gravadoras para uma nova geração de bandas e cantores do rock brasileiro que despontava. A Blitz adentrava o ano de 1983 desfrutando do sucesso comercial do seu primeiro álbum, e com o prestígio suficiente para fazer exigências para a gravação do seu segundo álbum de estúdio. Dentre as exigências junto à gravadora, a banda queria o renomado produtor Liminha à frente da produção do novo álbum, um estúdio de 24 canais e capa dupla para o novo disco.  Talvez o que tenha sido um pouco difícil foi conseguir um estúdio de 24 canais no Rio de Janeiro. O único que existia naquela cidade na época, o estúdio Transamérica, estava indisponív