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“Gilberto Gil” (Philips, 1968), Gilberto Gil

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Por Sidney Falcão Em 1968, o Brasil vivia sob a sombra da ditadura militar, um período opressor que sufocava a liberdade de expressão. No entanto, em meio a esse cenário sombrio, a Tropicália florescia como um ato de resistência cultural, oferecendo uma nova perspectiva à música brasileira. Entre os pioneiros desse movimento estava Gilberto Gil, que, com seu segundo álbum, também autointitulado, ajudou a redefinir os rumos da MPB. Misturando rock, psicodelia e tradições brasileiras, ele criou uma obra inovadora que ressoa até os dias de hoje.   Gil vinha de uma brilhante participação no III Festival da Música Popular Brasileira , promovido pela TV Record em 1967, onde conquistou o 2º lugar com a canção “Domingo no Parque”, acompanhado pelos Mutantes. Naquele momento, com essa apresentação no festival, Gil já introduzia publicamente o início do movimento tropicalista, que, em pouco tempo, provocaria uma grande revolução na cultura brasileira.   No início de 1968, Gilberto...

10 discos essenciais: Rush

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Por Sidney Falcão   O Rush nasceu em agosto de 1968, em Toronto, no Canadá, em meio a um cenário roqueiro ainda em formação, mas já com ambição e visão. A formação inicial era Alex Lifeson nas guitarras – já exibindo um estilo técnico e incisivo – ao lado de Jeff Jones no baixo e John Rutsey (1952-2008) na bateria, dois músicos com a pegada crua e direta que o som inicial do Rush pedia. No entanto, a história mudou rapidamente. Jones saiu de cena cedo, e foi substituído por Geddy Lee, que trouxe não só habilidade musical, mas uma presença vocal ímpar que redefiniu o som da banda.   Mas a virada decisiva veio em 1974. Após o lançamento do álbum de estreia, Rutsey deixou o grupo, abrindo espaço para Neil Peart (1952-2020), que ajudou o Rush a encontrar o seu centro de gravidade. Peart trouxe um arsenal de percussão impecável e uma sensibilidade lírica afiada como letrista, misturando temas filosóficos, ficção científica e uma visão de mundo quase literária. O trio Lee, Lifes...

“Saudade do Brasil” (Warner, 1980), Elis Regina

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Por Sidney Falcão “Não é uma saudade de uma coisa morta. A coisa está aí. Viva. No vento, nos animais, nas frutas, na água. Se perdeu por falta de maior batalha. Ainda que não seja o tempo de esquecer as tempestades, é bom lembrar que viver é ir levando de arrasto o que é bom e o que é ruim É tempo de redescobrir o gosto e o sabor da festa. Redescobrir as coisas que são nossas, desde o dia em que nosso umbigo foi enterrado nesse chão.   Elis Regina   Rio, 11 de março de 1980”   Este foi o texto do programa do espetáculo Saudade do Brasil , de Elis Regina (1945-1982), que estreou no Canecão, no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1980 e ficou em cartaz até agosto daquele ano. Foi o primeiro espetáculo de Elis desde Transversal do Tempo , de 1978. A ideia do espetáculo Saudade do Brasil surgiu depois que Elis percebeu que o Brasil parecia ter perdido o senso de pertencimento, o orgulho dos seus símbolos nacionais (hino, bandeira e brasão), q...