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Horses (Arista Records, 1975), Patti Smith

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Por Sidney Falcão Lançado em 10 de novembro de 1975, Horses  não é apenas um álbum de estreia — é um manifesto. Patti Smith emergia da efervescente cena underground nova-iorquina como uma poeta rebelde, que enxergava o rock não apenas como entretenimento, mas como expressão artística visceral. O disco, com sua fusão de poesia beat, proto-punk e um espírito libertário, não apenas antecipou o punk , mas redefiniu os limites do que a música poderia ser.   A metade da década de 1970 testemunhava um rock grandioso, dominado por excessos progressivos e o brilho polido da disco music . Paralelamente, nas ruas de Nova York e Londres, crescia um movimento insurgente, que pregava a simplicidade, a urgência e a subversão: o punk. Horses não soava como os futuros clássicos do gênero, mas já continha sua atitude e sua fúria crua.   Antes de gravar o álbum, Patti Smith já era um nome respeitado no meio artístico, transitando entre poesia, teatro e música. Seus recitais no CBGB, ...

Lavô Tá Novo (Warner, 1995), Raimundos

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Por Sidney Falcão   Em 1995, os Raimundos retornaram aos holofotes com Lavô Tá Novo , um álbum que de consolidar a sonoridade única da banda, também a projetou para um patamar ainda mais alto no rock brasileiro. Se o primeiro disco foi um choque de irreverência e peso, este segundo trabalho veio para mostrar que a identidade musical do grupo podia evoluir sem perder a essência debochada e visceral que os tornara conhecidos.   A produção, assinada por Mark Dearnley — veterano que já havia trabalhado com AC/DC e Black Sabbath —, deu ao som dos Raimundos uma robustez maior, sem engessar a espontaneidade da banda brasiliense. A mistura de punk, hardcore e elementos do forró, já marca registrada do grupo no álbum de estreia, ganhou aqui uma lapidação que ampliou seu alcance. O disco transita entre faixas explosivas e outras que trazem nuances rítmicas e dinâmicas mais elaboradas, mas sempre carregadas de energia e atrevimento.     Desde os primeiros acordes de Lavô ...

Capital Inicial (Polygram, 1986), Capital Inicial

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Por Sidney Falcão   O início dos anos 1980 marcou uma revolução no rock brasileiro com a ascensão de uma nova geração de bandas e artistas do gênero, que trouxe uma nova identidade para a música jovem brasileira. Em meio ao fim da ditadura e à reabertura política, bandas como Blitz, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e Legião Urbana emergiram com uma sonoridade moderna e letras que falavam diretamente à juventude da época.   A explosão do daquela nova geração roqueira deve muito à fusão de referências internacionais – do punk ao new wave – com a realidade brasileira. As bandas passaram a abordar temas urbanos, questões existenciais e críticas sociais, estabelecendo uma conexão única com o público. O surgimento de programas de TV e rádios voltados ao rock ajudou a consolidar o gênero, enquanto as gravadoras enxergaram o potencial comercial do novo som.   A nova geração do rock brasileiro nos anos 1980 não estava restrita ao Rio de Janeiro e a São Paulo, mas també...

Toys In The Attic (Columbia Records, 1975), Aerosmith

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Por Sidney Falcão Em 1975, o Aerosmith ainda buscava firmar seu espaço no rock. Depois de um disco de estreia promissor e do sólido Get Your Wings (1974), a banda começava a encontrar sua identidade sonora, um equilíbrio entre o peso do hard rock e a malícia do blues. Toys in the Attic , seu terceiro álbum, foi o passo definitivo nessa evolução, um trabalho que capturou a energia crua dos palcos e a refinou em estúdio.   Com produção de Jack Douglas, o disco trouxe um Aerosmith mais coeso e ambicioso, criando faixas que aliavam riffs cortantes, groove irresistível e letras que destilavam rebeldia. O resultado foi um sucesso avassalador: impulsionado por hinos como "Sweet Emotion" e "Walk This Way", o álbum catapultou a banda ao estrelato. Quase cinco décadas depois, Toys in the Attic segue como referência no hard rock, um marco definitivo que moldou o som da década e influenciou gerações.   Em Toys in the Attic , o Aerosmith consolidou sua identidade sonora...

É Proibido Fumar (CBS,1964), Roberto Carlos

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Por Sidney Falcão Em 1964, Roberto Carlos já não era um novato na música brasileira, mas ainda buscava firmar uma identidade artística. Após os primeiros passos com influências do bolero e do twist, É Proibido Fumar marcou um avanço significativo na construção do seu estilo, consolidando a aposta no rock jovem e aproximando-o do público adolescente.   O cenário musical da época refletia um momento de efervescência. No Brasil, a bossa nova e a MPB começavam a ganhar contornos mais sofisticados, enquanto no exterior os Beatles e o fenômeno da "Invasão Britânica" redefiniam os rumos do pop. Inserido nesse contexto, o terceiro álbum de Roberto Carlos seguiu a trilha aberta pelo antecessor Splish Splash (1963), mas com mais segurança e coesão sonora.   Combinando versões de sucessos internacionais e composições próprias, muitas delas em parceria com Erasmo Carlos (1941-2022), o disco ajudou a pavimentar o caminho para o estouro da Jovem Guarda e consolidou Roberto como ...