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10 discos essenciais: Raul Seixas

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Por Sidney Falcão “Eu sou a mosca que pousou na sua sopa.” Raul não pediu licença. Invadiu. Subiu pelas beiradas da cultura brasileira como quem entra na sala errada de propósito. E ali ficou. Zombando das convenções, apontando o dedo em riste, cantando em volume alto, rindo como um profeta bêbado diante do apocalipse.   Raul Santos Seixas nasceu em Salvador, em 28 de junho de 1945, mas poderia muito bem ter vindo direto de um disco voador. Filho de um engenheiro ferroviário e de uma dona de casa, cresceu entre os livros da biblioteca do pai e os discos de vinil que chegavam como relíquias do além-mar. Elvis Presley (1935-1977) não era apenas um ídolo — era um evangelho. E Raul, seu discípulo tropical.   Ainda menino, preferia a literatura às lições escolares. Reprovado, expulso, deslocado — mas nunca calado. Enquanto os colegas copiavam lições de moral no quadro-negro, ele desenhava personagens, inventava mundos e sonhava em escrever o seu nome no firmamento do imposs...

“Play Deep” (Columbia Records / 1985), The Outfield

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Por Sidney Falcão O ano de 1985 foi marcado por lançamentos icônicos no mundo da música, e Play Deep , álbum de estreia da banda britânica The Outfield, ocupa um lugar especial nesse panorama. Combinando elementos de rock e pop, o trio formado por Tony Lewis (1957-2020), John Spinks (1953-2014) e Alan Jackman surpreendeu o público americano ao emplacar hits nas rádios e conquistar discos de platina. O single "Your Love" é frequentemente associado ao grupo, mas o álbum vai muito além dessa faixa, oferecendo um repertório rico e coeso que reflete o auge criativo da banda. Apesar da sonoridade americana, que faz o ouvinte lembrar das praias ensolaradas da Califórnia, por incrível que pareça, The Outfield era um power trio britânico.   The Outfield teve suas origens em Londres, no Reino Unido, no final dos anos 1970, inicialmente sob o nome Sirius B e com a formação composta pelo baixista e vocalista Tony Lewis, o guitarrista e tecladista John Spinks e o baterista Alan Jackm...

“Criaturas da Noite” (Underground/Copacabana, 1975), O Terço

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Por Sidney Falcão No Brasil dos anos 1970, o rock progressivo encontrou o palco perfeito para florescer. A Tropicália havia pavimentado o caminho para experimentações ousadas, e o rock nacional começava a desenhar sua própria identidade, misturando elementos do novo e do tradicional. Nesse contexto efervescente, bandas como Os Mutantes, Som Imaginário, Módulo 1000 e Som Nosso de Cada Dia criaram universos musicais que oscilavam entre o psicodélico e o sinfônico, enquanto O Terço se destacava como uma força criativa à parte.   Foi com Criaturas da Noite (1975) que O Terço carimbou seu passaporte para a eternidade. O terceiro álbum do grupo trouxe uma mistura impecável de ambição progressiva e raízes brasileiras, traduzindo a sofisticação de nomes como Yes e Genesis para o calor tropical. Faixas como "Hey Amigo" e "Queimada" mostraram que era possível casar arranjos grandiosos com uma sensibilidade rural única. Resultado? Um clássico absoluto, que não apenas cons...