10 discos essenciais: Raul Seixas
Por Sidney Falcão “Eu sou a mosca que pousou na sua sopa.” Raul não pediu licença. Invadiu. Subiu pelas beiradas da cultura brasileira como quem entra na sala errada de propósito. E ali ficou. Zombando das convenções, apontando o dedo em riste, cantando em volume alto, rindo como um profeta bêbado diante do apocalipse. Raul Santos Seixas nasceu em Salvador, em 28 de junho de 1945, mas poderia muito bem ter vindo direto de um disco voador. Filho de um engenheiro ferroviário e de uma dona de casa, cresceu entre os livros da biblioteca do pai e os discos de vinil que chegavam como relíquias do além-mar. Elvis Presley (1935-1977) não era apenas um ídolo — era um evangelho. E Raul, seu discípulo tropical. Ainda menino, preferia a literatura às lições escolares. Reprovado, expulso, deslocado — mas nunca calado. Enquanto os colegas copiavam lições de moral no quadro-negro, ele desenhava personagens, inventava mundos e sonhava em escrever o seu nome no firmamento do imposs...