10 discos essenciais: Madonna

 

Por Sidney Falcão

Sem sombra de dúvidas, Madonna é a mais influente cantora da música pop que já existiu. Através de sua produção musical e visual, Madonna quebrou tabus e redefiniu o padrão de cantora pop, padrão esse que foi seguido pelas mais diversas cantoras. Sua postura libertária e independente, abriu caminho para que as cantoras tivessem mais autonomia na carreira. As cantoras do seguimento pop, passaram não apenas a se apresentar, mas também a ter um domínio no gerenciamento de suas carreiras, dos bastidores dos seus trabalhos, desde o repertório até a concepção dos discos, passando pelo figurino e a produção dos shows. Elas não estavam mais submetidas aos empresários, e deixaram de ser apenas uma “máquina de cantar” e gerar lucros. É impensável a projeção de cantoras como Britney Spears, Christina Aguilera e Beyoncé ou mesmo aqui no Brasil, Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Anitta sem a existência de Madonna.

Confira abaixo, dez álbuns que ajudam a entender a evolução musical e a carreira de Madonna.


Madonna (Sire,1983). Neste seu primeiro álbum, Madonna já mostrava que o seu foco no universo pop musical eram as músicas dançantes, uma herança dos tempos que frequentava as boates de Nova York no auge da disco music, no final dos anos 1970. A personalidade provocativa e o apelo sexual, duas das principais características de Madonna e que norteariam a carreira da cantora, estão presentes em faixas como “Everybody”, “Holyday” e “Physical Attraction”. 





Like A Virgin (Sire,1984). Like A Virgin foi produzido por Nile Rodgers, guitarrista do Chic, banda icônico da disco music, da qual Madonna era admiradora. Segundo álbum de Madonna, Like A Virgin mostrou que a cantora não era uma “moda passageira” como apregoavam os seus detratores na época do primeiro álbum. Musicalmente, Like A Virgin mescla pop, dance music e rock, sobretudo a new wave. O álbum foi uma plataforma que projetou Madonna para o estrelato pop graças a faixas poderosas como “Material Girl”, “Dress You Up”, “Into The Groove” e a faixa-título. Nos Estados Unidos, Like A Virgin vendeu mais de 10 milhões de cópias, enquanto que mundialmente, o álbum alcançou a marca de 24 milhões de cópias vendidas. Like A Virgin ficou três semanas no topo da parada de álbuns da Billboard 200, nos Estados Unidos.


True Blue (Sire, 1996). Se com Like A Virgin, Madonna mostrou que não era uma cantora de fama passageira por causa do sucesso do álbum de estreia, com True Blue, seu terceiro álbum, ela se consagrou como uma grande estrela pop. Terceiro lugar na parada de álbuns nos Estados Unidos, True Blue vendeu mais de 25 milhões de cópias em todo o mundo. Na faixa “Live To Tell”, Madonna mostrou que não era uma mera cantora pop. “Papa Don’t Preach” causou polêmica junto à Igreja Católica por tratar sobre gravidez na adolescência. “La Isla Bonita” foi a primeira incursão de Madonna no pop latino. Outras faixas também tiveram grandes execuções em rádio como “Open Your Heart” e a faixa-título.


Like A Prayer (Sire,1989). Quarto álbum de estúdio de Madonna, Like A Prayer foi um “divisor de águas” na carreira da cantora norte-americana, talvez até o primeiro “divisor de águas”, se tratando de uma carreira tão longeva e cheia de transformações. Com Like A Prayer, Madonna deixou para traz a imagem de ídolo pop adolescente e se assume uma cantora mais madura, questionadora e ainda mais provocadora. Like A Prayer é um trabalho que possui um perfil autobiográfico, onde Madonna abre o jogo sobre o seu passado familiar como a perda da mãe na infância, o relacionamento difícil com seu pai e o casamento conturbado com o ator Sean Penn. O álbum é sempre lembrado pelo videoclipe polêmico da faixa “Like A Prayer”, que chocou os católicos conservadores em todo o mundo, onde Madonna - com os cabelos e olhos escuros como uma latina - aparece beijando um santo negro num altar, que parecia ser uma versão negra de Jesus Cristo. Apesar da polêmica, Like A Prayer foi sucesso de público e de crítica. O álbum vendeu mais de 15 milhões de cópias em todo mundo apoiado no sucesso radiofônico de “Express Yourself”, “Cherish” e a faixa-título.


Erotica (Maverick/Sire,1989). Erotica foi o primeiro lançamento da Maverick Records, selo criado por Madonna. O álbum foi lançado simultaneamente com o livro Sex, publicação com fotos eróticas de Madonna. Inspirada na atriz alemã Dita Parlo (1908-1971), Madonna assumiu na época o alter ego Mistress Dita. Considerado um álbum conceitual tendo como tema o sexo, Erotica foi um dos trabalhos mais ousados da carreira de Madonna, por tratar abertamente o erotismo e os desejos sexuais sob o ponto de vista feminino. Embora tenha escandalizado os conservadores, Erotica foi muito bem recebido pela crítica justamente pelo desafio de Madonna neste álbum. No entanto, o Erotica foi o primeiro álbum da cantora a não alcançar o primeiro lugar nos Estados Unidos, figurando no máximo no 3º lugar na Billboard Hot 100. Ainda assim, Erotica emplacou faixas como “Deeper And Deeper”, “Bad Girl” e “Rain”. 


Bedtime Stories (Maverick/Sire,1994). Neste trabalho, Madonna contou com a colaboração de Dallas Austin, Babyface, Dave “Jam” Hall e Willie Hooper. Após a polêmica gerada pelo álbum Erotica, Madonna ressurge no álbum seguinte, Bedtime Stories, em canções mais suaves, mais amenas, explorando uma sonoridade mais voltada para pop e o R&B, enquanto que o apelo sexual e as batidas eletrônicas, tão presentes em Erotica, se mostram menos intensos neste álbum. No entanto, há quem afirme que Bedtime Stories seria uma versão mais “sedutora” e “romântica” de Erotica. Dentre as 11 faixas do álbum, “Secret”, “Take A Bow”, “Bedtime Story” e “Human Nature” foram as que mais fizeram sucesso nas programações de rádio e TV.


Ray Of Light (Maverick/Sire,1998). Quando lançou Ray Of Light, Madonna vivia um dos melhores momentos da sua vida, tanto artístico quanto pessoal. Havia se tornado mãe em 1996 (quando nasceu a sua filha Lourdes Maria), converteu-se à Cabala, adotou a prática a ioga, estudou o hinduísmo e o budismo, e protagonizou o filme Evita. Esse período de serenidade se refletiu na qualidade do álbum Ray Of Light. Um dos pontos positivos, é que neste álbum, Madonna está cantando muito melhor, reflexo das aulas de canto que teve para estrelar o filme Evita. Para criar musicalmente todo o clima de serenidade que Madonna estava vivenciando na sua vida particular, ela fez experimentações que vão de vertentes da música eletrônica (Techno, drum and bass, ambient music, trip hop...) à música oriental e erudita, tudo isso costurado com o pop que consagrou a cantora, mantendo a obra comercialmente acessível. Uma grande parcela da crítica considera Ray Of Light o melhor álbum da discografia de Madonna.


Music (Maverick/Warner, 2000). Music teve a difícil tarefa de suceder o aclamado Ray Of Light. Embora seja um de dance pop, um dado peculiar de Music foi o de Madonna ter explorado a estética do cowboy, tanto do design gráfico da capa e do encarte do álbum, quanto figurino da turnê do disco. Music foi o primeiro álbum de Madonna a chegar ao 1º lugar na parada de álbuns desde Like A Prayer, de 1989. “Don’t Tell Me”, “What It Feels Like For Girl” e a faixa-título foram os destaques do álbum. Com mais de 15 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, Music faturou em 2001 o prêmio Grammy de “Melhor Capa de Álbum”. 


American Life (Maverick/Warner, 2003). O ataque terrorista às Torres Gêmeas em 2001, causou um profundo impacto na sociedade norte-americana. E foi sob essa influência desse profundo impacto que Madonna concebeu America Life, seu nono álbum de estúdio. A obra questiona o “sonho americano” que por tanto tempo, serviu como combustível de ascensão social para o povo americano. O materialismo e a superficialidade da sociedade norte-americana são questionados por Madonna nas faixas “Hollywood”, “I’m So Stupid” e a própria faixa que dá nome ao álbum. Há canções de teor autobiográfico como as faixas “Mother And Father” e “Nobody Knows Me”. A faixa “Die Mother Day” foi incluída na trilha sonora do filme 007 – Um Novo Dia Para Morrer (2003). America Life é considerado um trabalho “conceitual”, “difícil”, e talvez por essas qualidades, não teve um desempenho comercial satisfatório como Ray Of Light e Music.


Confession On A Dance Floor (Maverick/Warner, 2005). Após o “questionador” America Life, Madonna parte para um trabalho mais divertido, mais descontraído, mais dançante, e até certo ponto, mais nostálgico. Confession On A Dance Floor traça uma ponte entre a disco music dos anos 1980 e o synthpop dos anos 1980 com a dance music dos anos 2000. É perceptível no decorrer da audição do álbum, referências de Abba, Donna Summer, Bee Gees, Depeche Mode e Pet Shop Boys. A faixa “Hung Up”, por exemplo, é toda apoiada na base sampleada de “Gimme, Gimme, Gimme! (A Man After Midnight)”, sucesso do Abba de 1979. “Sorry”, “Get Together”, “Jump” e Future Lovers” foram as outras faixas de destaque de Confession On A Dance Floor.

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