"Carlos, Erasmo" (1971), Erasmo Carlos



Ok, Erasmo sempre será lembrado pela sua fase Jovem Guarda. Mas musicalmente falando, a sua fase "setentista" é de longe, a mais rica e mais ousada da sua carreira. Quando a Jovem Guarda acabou, em 1968, Erasmo procurou dar um novo rumo à sua música. O seu parceiro Roberto Carlos, também passava por um processo de transformação ao se aproximar da soul music e da música romântica.

Assim como Roberto Carlos, Erasmo também seguiu o caminho da soul music. Mas diferente do “Rei”, Erasmo procurou um leque maior de possibilidades. Talvez inspirado no que os tropicalistas faziam, Erasmo procurou transitar por uma musicalidade mais brasileira e pop. Por isso que no finalzinho dos anos 1960, ele já experimentava o nascente samba-rock, se aproximava da MPB, flertava com a soul music, mas costurava tudo isso com o rock. O último disco do "Tremendão" pela RGE, o Erasmo Carlos E Os Tremendões, de 1970, já dava indícios da transformação na música de Erasmo.

Gosto do álbum seguinte, Carlos, Erasmo  (1971), disco que marca a estreia do "Tremendão" na Philips/Polydor. Toda a nata jovem, transgressora e inovadora da MPB estava na Phlips: Caetano, Gil, Chico, Elis, Jorge Ben... O ambiente foi bem proveitoso para o processo de maturidade musical de Erasmo, seja nas letras ou nos arranjos. Essa maturidade se nota pelos compositores que Erasmo gravou nesse disco. É desse discaço que tem "De Noite Na Cama", de Caetano (décadas depois regravada por Marisa Monte). Tem canções de Marcos Valle, Taiguara, Jorge Ben entre outros. Tem até coisas polêmicas dele e do Roberto como "Maria Joana", uma clara alusão à maconha. Quem diria hein?

Depois desse disco, o "Tremendão" seguiria uma sequência de bons álbuns como Sonhos e Memórias (1972), Projeto Salva Terra (1974), e o ótimo Banda dos Contentes (1976), este último, talvez o mais roqueiro da lista. 

No ano passado, Erasmo lançou o álbum gravado ao vivo Meus Lados B, trazendo só canções menos conhecidas de sua carreira, dando ênfase justamente à fase mais criativa de Erasmo que foi entre o final dos anos 1960 e meados dos anos 1970. O álbum gravado ao vivo apresenta músicas desse período rico, os "lados B" para o público jovem que vem redescobrindo essa fase dele. Nesse álbum, Erasmo incluiu cinco músicas de Carlos, Erasmo"Gente Aberta", "Dois Animais Na Selva Suja Da Rua", "É Preciso Dar Um Jeito Meu Amigo", "De Noite Na Cama" e "Maria Joana". Foi mais um gol de placa do "Tremendão", enquanto que o "Rei" Roberto segue firme na sua "mumificação" musical.

Faixas:
  1. "De Noite Na Cama" (Caetano Veloso)
  2. "Masculino Feminino" (Homero Coutinho Filho)
  3. "É Preciso Dar Um Jeito Meu Amigo" (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
  4. "Dois Animais Na Selva Suja Da Rua" ( Taiguara)
  5. "Gente Aberta" ( Roberto Carlos -Erasmo Carlos)
  6. "Agora Ninguém Chora Mais" (Jorge Ben)
  7. "Sodoma E Gomorra' (Roberto Carlos -Erasmo Carlos)
  8. "Mundo Deserto" (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
  9. "Não Te Quero Santa" (Vitor Martins - Saulo Nunes)
  10. "Ciça Cecilia" (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)
  11. "Em Busca Das Canções Perdidas Nº2" (Fabio- Paulo Imperial)
  12. "26 Anos De Vida Normal" (Paulo Sergio Valle - Marcos Valle)
  13. "Maria Joana" (Roberto Carlos - Erasmo Carlos)


“De Noite Na Cama”


“Masculino, Feminino”


“É Preciso Dar Um Jeito, Meu Amigo”


“Dois Animais Na Selva Suja Da Rua”


"Gente Aberta"


“Agora Ninguém Chora Mais”


“Sodoma E Gomorra”


“Mundo Deserto”


“Não Te Quero Santa”


“Ciça, Cecília”


“Em Busca Das Canções Perdidas Nº 2”


“26 Anos De Vida Normal”


“Maria Joana”


"A Semana Inteira" (faixa bônus)




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