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Mostrando postagens de junho, 2024

“Quem Me Levará Sou Eu” (RCA,1980), Dominguinhos

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Por Sidney Falcão José Domingos de Morais, ou como o mundo o conhecia, Dominguinhos (1941-2013), foi uma peça fundamental na construção do que se pode chamar de tríade sagrada da sanfona nordestina, ao lado de Luiz Gonzaga (1912-1989) e Sivuca (1930-2006). Seus acordes não só moldaram gerações de sanfoneiros, mas também delinearam um padrão único de tocar acordeom no Brasil, rivalizando até mesmo com a escola gaúcha. Apesar de ser um dos principais expoentes do forró, Dominguinhos foi muito além desse gênero. Sua música era uma mescla de influências que transitavam do choro ao jazz, do blues ao forró tradicional. Essa versatilidade o tornou um músico requisitado, tanto em turnês quanto em estúdios de gravação, acompanhando uma gama diversificada de artistas, incluindo Gilberto Gil, Gal Costa (1945-2022), Elba Ramalho, Maria Bethânia, Chico Buarque e Roberto Carlos. Todo esse caldeirão musical transbordou em seus discos, e um exemplo marcante é Quem Me Levará Sou Eu , lançado em 1

10 discos essenciais: Chico Buarque

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Por Sidney Falcão Francisco Buarque de Hollanda, ou simplesmente Chico Buarque, nasceu em 19 de junho de 1944, no Rio de Janeiro. Desde os primeiros anos de vida, sua paixão pela música e pela literatura se manifestava, imbuída pelo ambiente intelectual no qual foi criado, tendo o renomado historiador Sérgio Buarque de Hollanda, o seu pai, a figura central. A trajetória artística de Chico teve início nos anos 1960, época em que despontou nos festivais de música, destacando-se como compositor e intérprete. Seu álbum inaugural, Chico Buarque de Hollanda , lançado em 1966, já antecipava seu talento singular, apresentando sucessos imortais como "A Banda" e "Carolina". Ao longo das décadas seguintes, Chico lançou obras-primas como Construção (1971), caracterizado por uma abordagem poética e inovadora, e Meus Caros Amigos (1976), cujas canções refletiam os conturbados tempos da ditadura militar no Brasil. Durante esse período sombrio, Chico Buarque foi um dos arti

“I Am” (ARC/Columbia,1979), Earth, Wind & Fire

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Por Sidney Falcão Em junho de 1979, o lendário grupo americano Earth, Wind & Fire lançou seu nono álbum de estúdio, I Am . Este lançamento foi um momento crucial na carreira da banda, vindo após uma série de álbuns bem-sucedidos que firmaram sua reputação como pioneiros da música funk, soul e R&B. Em meio à era disco, que atingia seu auge no final dos anos 1970, I Am destacou a capacidade de Earth, Wind & Fire de adaptar seu som enquanto mantinham sua marca registrada. Com I Am , Earth, Wind & Fire realizou uma transição notável em direção a ritmos mais dançantes e influenciados pelo disco, ao mesmo tempo em que mantinham sua fusão característica de funk, soul, jazz e influências africanas. O álbum exibe uma produção exuberante, arranjos de metais intricados, ritmos contagiantes e harmonias vocais envolventes. Apesar de suas inclinações disco, I Am também incorpora elementos de pop, funk e até mesmo toques de música eletrônica, refletindo a diversidade musical da

“Born In The U.S.A.” (Columbia, 1984), Bruce Springsteen

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Por Sidney Falcão Em 1984, os Estados Unidos se encontravam às vésperas de uma eleição presidencial crucial. De um lado, o carismático Ronald Reagan (1911-2004), ex-astro de Hollywood, buscava a reeleição pelo Partido Republicano, aproveitando-se do ímpeto da recuperação econômica após um período de recessão entre 1981 e 1982. Do outro lado do ringue político estava Walter Mondale (1928-2021), ex-vice-presidente dos Estados Unidos durante o mandato de Jimmy Carter entre 1977 e 1981.   Nesse caldeirão político fervilhante, surge Born In The  U.S.A. , o sétimo álbum de estúdio do renomado cantor e compositor Bruce Springsteen. Por mais que o título do disco e a faixa homônima possam sugerir um hino de patriotismo cego, a verdade é bem mais complexa. O álbum é um retrato vívido da desilusão e frustração do cidadão comum americano diante de seu país, uma reflexão contundente sobre as falhas e contradições da nação. No entanto, de forma astuta, o então candidato à reeleição, Ronald Reag