"Mahmundi" (Stereomono, 2016), Mahmundi

Por Sidney Falcão

Lançar um álbum de estreia é uma jornada musical repleta de experiências que moldam a essência de um artista. No caso da cantora, compositora e produtora Mahmundi, seu primeiro álbum homônimo é um capítulo singular nessa trajetória musical única.

Antes de explorar a riqueza sonora desse disco, é essencial entender a jornada que trouxe Mahmundi até aqui. Com raízes no Rio de Janeiro, Marcela Vale, conhecida artisticamente como Mahmundi, nutriu desde cedo sua paixão pela música, cantando em igrejas nos subúrbios cariocas e dominando violão, teclados e bateria. Sua vivência como técnica de áudio no Circo Voador e como vocalista na banda Velho Irlandês, absorveu influências que vão da riqueza da música brasileira aos ritmos eletrônicos contemporâneos.

A mudança para o nome artístico Mahmundi ocorreu em 2010. No ano seguinte, o EP Efeito das Cores, produzido em parceria com Lucas de Paiva e com Felipe Vellozo no baixo, marcou seu início. O reconhecimento veio rápido, e em 2014, Mahmundi ganhou o Prêmio Multishow de Música Brasileira na categoria "Nova Canção" com a música "Sentimento".

Finalmente, em maio de 2016, o álbum de estreia, Mahmundi, foi lançado pelo selo independente Stereomono, dirigido pelo produtor Carlos Eduardo Miranda (1962-2018), conhecido por revelar talentos nos anos 1990 e por sua participação no programa Ídolos, do SBT.

Marcela Vale nome de batismo de Mahmundi. 

Mahmundi, o álbum, é fortemente influenciado pela música pop brasileira dos anos 1980, tendo como referência principal a cantora Marina Lima. A sonoridade é predominantemente pop, mesclando MPB, R&B, reggae e synthpop.

E falando em synthpop, os sintetizadores são os protagonistas na base instrumental de todas as dez faixas que formam o repertório do álbum. Dessas dez faixas, cinco era inéditas até então, e as outras cinco haviam sido lançadas anteriormente nos EPs: "Quase Sempre", "Calor do Amor" e "Deasaguar" foram lançadas no EP Efeito das Cores (2012), e "Leve" no EP Setembro (2013). A exceção é "Sentimento", lançada antes como single em 2014.  

O álbum apresenta uma sonoridade pop cuidadosamente elaborada, casando perfeitamente com letras que abordam desilusões, solidão, felicidade e saudade, todos envolvendo o amor e relacionamentos.

Iniciando com "Hit", um synthpop com influências do pop eletrônico dos anos 1980, Mahmundi expressa o desejo de criar canções memoráveis e viver o presente sem adiar desejos. "Azul", uma balada reflexiva, resgata lembranças e explora a ligação entre cores, emoções e memórias de relacionamentos passados. 

Imagem de divulgação do álbum de estreia de Mahmundi.

"Eterno Verão" é uma ode pop que descreve a busca por um refúgio tranquilo em um verão sem fim, onde a presença da pessoa amada torna tudo mais leve. "Desaguar", uma das joias do disco, com apelo radiofônico e uma leve inclinação para o pop rock dos anos 1980, fala sobre a busca pela renovação emocional e serenidade ao se entregar ao amor.

"Meu Amor" captura a dualidade entre o efêmero e o eterno em um momento de despedida, valorizando momentos especiais mesmo que passageiros. Em "Calor do Amor", um pop funk, Mahmundi celebra a chegada de um novo dia e a promessa de momentos revigorantes. "Leve" transmite a leveza não apenas em seu título, mas também na simplicidade dos arranjos, buscando alívio emocional e paz ao estar com alguém especial.

As faixas finais do disco mergulham no romantismo. "Quase Sempre" expressa saudade da pessoa amada e a falta que ela faz: "Cadê você para o jantar? / Preparei uma mesa farta / E o que sobra é a sua falta". "Wild" revela o desejo por um refúgio longe das dificuldades. "Sentimento" encerra o disco com uma atmosfera romântica, abordando a complexidade do amor, destacando uma dualidade entre ser difícil e fácil de se perceber e admirar: "O amor é um mar difícil / Tão fácil de se ver e admirar".

O álbum de estreia da cantora Mahmundi recebeu elogios da crítica. A revista Rolling Stone Brasil o classificou como o 6º melhor álbum brasileiro de 2016.

Mahmundi, o álbum, é uma exploração da identidade artística da cantora carioca, oferecendo uma mistura de faixas inéditas na época e outras conhecidas lançadas anteriormente. Com influências pop nostálgicas e uma dualidade entre músicas festivas e introspectivas, o disco se mostra um trabalho coeso e atraente.

Faixas

1 - "Hit" (Mahmundi) 

2 - "Azul" (Mahmundi - Lux Ferreira - Vic Delnur)

3 - "Eterno Verão" (Mahmundi - Lucas de Paiva)

4 - "Desaguar" (Mahmundi)

5 - "Meu Amor"  (Mahmundi - Roberto Barrucho)

6 - "Calor do Amor"  (Mahmundi - Roberto Barrucho - Bruno Dias)

7 - "Leve"  (Mahmundi - Roberto Barrucho)

8 - "Quase Sempre" (Mahmundi - Roberto Barrucho)

9 - "Wild" (Mahmundi - Lux Ferreira)

10 - "Sentimento" (Mahmundi - Lux Ferreira)



"Hit" (vídeoclipe oficial)

"Azul"

"Eterno Verão"

"Desaguar"

"Meu Amor"

"Calor do Amor"

"Leve"

"Quase Sempre"

"Wild"

"Sentimento" 

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