“Talking Book” (Motown Records, 1972), Stevie Wonder

Por Sidney Falcão Até o início dos anos 1970, as músicas gravadas pelos artistas da Motown Records seguiam um padrão rígido imposto pelo “todo poderoso” fundador da companhia, Berry Gordy: as canções teriam que durar no máximo três minutos, e os temas abordados deveriam ser sobre amor e assuntos banais do cotidiano. Teriam que ser canções agradáveis, inofensivas, bem ao gosto do público mais comportado. E foi baseado nesse padrão musical comportado e muito bem produzido, que a Motown fez história na música pop. Ganhou fama e focou especificamente o mercado da música pop negra norte-americana durante toda a década de 1960. Aquele padrão para Gordy representava sucesso e, claro, lucros, muitos lucros. Mas naquele começo de anos 1970, os tempos eram outros. Cantores negros como Isaac Hayes (1942-2008) e Sly Stone, por exemplo, estavam praticando um tipo de R&B mais maduro, mais engajado e contestador, rompendo com os formatos impostos pelas gravadoras. O movimento black power , a...