10 discos essenciais: Paul McCartney
Por Sidney Falcão
James Paul
McCartney nasceu em 18 de junho de 1942, em Liverpool, Inglaterra, filho de mãe
católica e pai protestante (que depois se tornou agnóstico). Paul teve ainda um
irmão caçula, Michael McCartney, nascido em 1944. Aos 14 anos, em 1956, Paul
perdeu sua mãe, que faleceu vítima de um câncer de mama. O cantor viria ter
mais tarde, em 1964, uma meia-irmã, Ruth McCartney, nascida em 1960, e que foi
adotada pelo pai de Paul quando cansou-se com a mãe da menina.
Em 1957,
Paul conhece John Lennon (1940-1980) e é convidado por ele para integrar a sua
banda de skiffle, os Quarrymen. Após passar por mudanças de nomes, a
banda assume como nome em definitivo The Beatles, em 1960. A partir dali a
banda inglesa alça voos mais altos e dentro de pouco tempo, se torna o maior
fenômeno da música popular mundial do século XX. Em 1969, Paul McCartney se
casa com Linda Eastman, e assim como fez seu pai quando se casou pela segunda
vez, adotou a filha do casamento anterior de Linda, Heather.
No ano
seguinte, em abril de 1970, Paul anuncia o fim dos Beatles e, ao mesmo tempo,
lança o seu primeiro álbum solo, McCartney. Em fevereiro de 1971,
é lançado o single de “Another Day”, o primeiro grande sucesso da carreira solo
de Paul. Três meses depois, é lançado Ram, o segundo álbum solo
de Paul. No final do ano, Paul forma a banda The Wings na qual ele assume o
baixo e os vocais, e que inclui sua esposa Linda McCartney (teclados e vocais
de apoio), Denny Laine (guitarra) e Denny Seweill (bateria). Ao longo da década
de 1970, os Wings passam por troca de integrantes, tendo apenas Paul, Linda e
Laine como integrantes fixos. Em 1973, Paul e os Wings lançaram a canção “Live and
Let Die”, tema do filme 007 – James Bond: Live and Let Die (no Brasil: Com
007 Viva e Deixe Morrer).
Ao longo da
década de 1970, os Wings alcançam uma enorme popularidade, vendem milhões de
discos e lotam estádios e arenas pelo mundo. Depois de dez anos de atividade,
sete álbuns de estúdio e um álbum ao vivo, os Wings encerram atividades em
1981.
Em 1982,
Paul lança o álbum Tug of War, o primeiro álbum do cantor após o
fim dos Wings. Tug of War marca a volta de Paul e George Martin
(1926-2016), ex-produtor dos discos dos Beatles, a trabalharem juntos. “Ebony
and Ivory”, dueto de Paul e Stevie Wonder, é o grande hit do álbum Tug of
War. O álbum seguinte, Pipes of Peace, lançado em 1983, traz
Paul e Michael Jackson (1958-2009) juntos em duas faixas, “Say, Say, Say” e
“The Man”, ambas sucesso nas paradas de rádio. Em 1985, Paul foi uma das
estrelas da música mundial que participaram do concerto beneficente Live Aid,
organizado por Bob Geldorf e Midge Ure para arrecadar fundos para combater a
fome que assolava a Etiópia naquele momento. As apresentações dos astros da
música aconteceram no Wembley Stadium, em Londres, Inglaterra, e no John F.
Kennedy Stadium, na Filadélfia, nos Estados Unidos.
Durante os
anos seguintes, Paul lançou álbuns pouco expressivos e fez poucas apresentações
ao vivo. Mas em junho de 1989, motivado pela parceria com o cantor e compositor
Elvis Costello, Paul lançou o elogiado álbum Flowers In The Dirt,
que foi acompanhado de uma grande e bem sucedida turnê mundial, a primeira após
13 anos. Essa turnê incluiu a primeira apresentação de Paul McCartney no
Brasil, o apoteótico concerto no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, para
um incrível público de 184 mil pessoas. A partir de então, o ex-beatle retomou
as grandes turnês internacionais.
Em 1997, é
lançado o álbum Flaming Pie, 2° lugar nas paradas de álbuns do
Reino Unido e Estados Unidos. O álbum foi gravado num período difícil na vida
pessoal de Paul, quando a sua esposa, Linda McCartney, travava uma luta contra
um câncer de mama. Infelizmente, Linda falece em abril de 1998, aos 56 anos.
Paul casa-se
com a modelo Heather Mills, em 2002. Contudo, o casamento não dura muito tempo,
e logo se divorciam em 2008. Mas em 2011, Paul está em um novo matrimônio, desta
vez com Nancy Shevell.
Um ano
depois, Paul foi a atração de encerramento da festa de abertura dos Jogos
Olímpicos de Londres. Em 2014, Paul lança em parceria com o rapper Kanye West,
o single “Only One”. Os dois se juntam à cantora Rihanna, e lança o single
“Four Five Seconds”.
Apesar da
idade avançada, Paul McCartney se mostra um artista bastante ativo. O veterano artista
prossegue ativo, produzindo muito, fazendo turnês (com pausa por causa da
pandemia de covid-19) e lançando novos álbuns.
Abaixo,
seguem dez álbuns que ajudam a compreender a carreira de Paul McCartney
pós-Beatles, seja com os Wings ou solo.
McCartney (Apple Records, 1970), Paul McCartney. Assim que comunicou o fim dos Beatles, em abril de 1970, Paul aproveitou a ocasião para anunciar o lançamento do seu primeiro álbum solo, McCartney. Gravado por Paul de forma caseira, onde ele tocou todos os instrumentos, McCartney é um disco acústico, com uma produção simples, rústica, bem condizente com o momento de recomeço vivido pelo ex-beatle. A faixa de grande destaque é sem sombra de dúvidas “Maybe I’m Amazed”, canção que Paul dedicou à sua esposa Linda McCartney.
Ram (Apple Records, 1971), Paul McCartney. Com uma produção melhor que McCartney, Ram traz Paul acompanhado de outros músicos como o baterista Denny Seiwell (que foi depois efetivado nos Wings), e os guitarristas Dave Spinozza e Hugh McCracken. Fotógrafa de profissão, Linda McCartney participa do álbum fazendo os vocais de apoio, assim como no álbum anterior, e se mostra cada vez mais envolvida com a música. Ela é parceira de Paul na autoria de metade das faixas do disco. “Dear Boy” e “Too Many People” seriam provocações de Paul ao ex-parceiro John Lennon. A principal faixa do álbum é “Uncle Albert / Admiral Halsey”, uma “costura” de fragmentos de músicas inacabadas de Paul que resultaram num medley semelhante ao do álbum Abbey Road.
Red Rose Speedway (Apple Records, 1973), Paul McCartney & Wings. Em meados de 1971, Paul montou a banda Wings, e em dezembro, saiu o primeiro álbum do grupo, Wild Life, que não chegou a causar grande repercussão. Mas a situação começou a mudar com o álbum Red Rose Speedway, segundo álbum de estúdio de Paul com os Wings. O álbum foi responsável por definir o padrão pop rock que os Wings adotariam para os álbuns seguintes. A balada romântica “My Love” é a principal faixa do disco, e um dos maiores sucessos da carreira de Paul McCartney.
Band On The Run (Apple Records, 1973), Paul McCartney & Wings. Este álbum tinha tudo para dar errado. Logo de cara, quando Paul decidiu que as gravações ocorreriam em Lagos, na Nigéria, dois integrantes, o baterista Denny Seiwell e o guitarrista Henry McCullough, preferiram cair fora dos Wings antes mesmo da viagem. Durante estadia na Nigéria, Paul, Linda e Denny Laine passaram por situações complicadas: estúdio precário, assalto, problemas de saúde com Paul e ainda tiveram que encarar a fúria de artistas locais, chefiados por Fela Kuti (1938-1997), que acusaram Paul de querer roubar a música nigeriana. No final das contas, tudo saiu bem, e o álbum foi um grande sucesso, alavancando os Wings para o estrelato graças ao sucesso radiofônico das faixas “Jet” e “Band On The Run” (canção que dá nome ao álbum) e “Let Me Roll It”. Não à toa, o álbum Band On The Run tornou-se o álbum mais vendido da carreira tanto de Paul como dos Wings.
Venus and Mars (Capitol Records, 1975), Paul McCartney & Wings. Os Wings voltam a ser um quinteto com a chegada do guitarrista Jimmy McCullock e do baterista Geoff Briton (que logo foi substituído por Joe English). O álbum é marcado pela influência da música tradicional americana ao trazer referências de country music, R&B e music hall. “Listen To What The Man Said” é a faixa mais popular do disco. “Magneto and Titanium Man” foi inspirada em personagens de histórias em quadrinhos da Marvel. Depois do lançamento de Venus and Mars, Paul McCartney & Wings partiram para uma grande e bem sucedida turnê internacional, entre 1975 e 1976, cuja etapa americana deu origem ao álbum triplo gravado ao vivo Wings Over America (1976).
Wings At The Speed of Sound (Capitol Records, 1976), Paul McCartney & Wings. Com a popularidade em alta e cruzando o planeta com uma turnê mundial, Paul McCartney & Wings encontraram tempo para gravar o álbum Wings At The Speed of Sound. Em resposta às acusações de que os Wings eram um instrumento para veicular as suas canções, Paul incentivou os membros da banda a contribuírem com as suas próprias canções. E isso se refletiu no repertório do disco que das onze faixas, quatro são canções autorais de integrantes dos Wings. “Silly Love Songs” é a faixa mais famosa do álbum, uma canção que foi uma resposta de Paul àqueles que o acusavam de compor apenas canções românticas e bobas. O resultado é que “Silly Love Songs” foi mais um grande sucesso radiofônico na carreira e de Paul, e impulsionou as vendas do álbum, que chegou à marca de 3,5 milhões de cópias em todo o mundo.
Tug Of War (Parlophone, 1982), Paul McCartney. Tug Of War começou a ser gravado no final de 1980, mas as gravações foram interrompidas com o anúncio da morte de John Lennon. As gravações foram retomadas em fevereiro de 1981. Primeiro álbum de Paul lançado após o fim dos Wings, em 1981, Tug Of War foi marcado também pela volta de Paul e George Martin (1926-2016) a trabalharem juntos após tantos anos. O álbum traz ilustres convidados como Ringo Starr (em “Take It Away”), Carl Perkins (em “Get It”) e Stevie Wonder (em “What’s That You’re Doing” e “Ebony and Ivory”). A delicada “Here Today” é dedicada a John Lennon. As sobras de gravação foram reaproveitadas para o disco seguinte, Pipes Of Peace (1983).
Flowers In The Dirt (Parlophone, 1989), Paul McCartney. Após um período dos anos 1980 lançando álbuns inexpressivos e longe das turnês internacionais, Paul se reinventou com Flowers In The Dirt, um álbum que nasceu de uma parceria do ex-beatle com o cantor Elvis Costello que deu frutos, como as canções “My Brave Face”, “You Want Her Too”, “Don't Be Careless Love” e “That Day Is Done”. O vocalista e guitarrista do Pink Floyd, Gavid Gilmour, faz participação especial em “We Got Married”. Depois do lançamento do disco, Paul iniciou uma grande turnê internacional, a primeira após 13 anos.
Chaos and Creation In The Backyard (Parlophone, 2005), Paul McCartney. Seguindo uma linha musical semelhante à de Flaming Pie (1997), Chaos and Creation In The Backyard tem uma vocação introspectiva e é mais um álbum que seguiu uma tradição na discografia de Paul, a do cantor gravar um disco tocando todos os instrumentos, como nos álbuns McCartney (1970) e McCartney II (1980). Em “Friends to Go”, Paul presta uma homenagem a George Harrison, seu ex-companheiro de Beatles, falecido em 2001.
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