10 discos essenciais: Lulu Santos




Por Sidney Falcão

O carioca Luiz Maurício Pragana dos Santos cravou seu nome na história da música brasileira como Lulu Santos. Aos treze anos, aprendeu a tocar guitarra, e aos dezenove, já era um músico profissional tocando na banda Veludo Elétrico. Por volta de 1974, aos vinte um anos, montou a banda de rock progressivo Vímana, que tinha na sua formação membros que se tornariam futuras estrelas do rock brasileiro como Lobão ( na época, um adolescente) e Ritchie. A banca carioca conseguiu apenas lançar um compacto.

Após desentender-se com o ex-tecladista do Yes, Patrick Moraz, que estava morando no Brasil e havia apadrinhado a banda Vímana, Lulu foi expulso do grupo. O guitarrista fez projetos musicais com outros artistas, mas não deram certo. Chegou a ser colunista da revista de música Somtrês, entre 1979 e 1980, e até lançou um compacto, com o nome Luiz Maurício, que foi um tremendo fracasso comercial.

Em 1981, sua vida começa a mudar quando assina contrato com a gravadora Warner. Naquele mesmo ano, lança o seu primeiro compacto pela companhia, “Tesouros Da Juventude”, parceria com Nelson Motta que daria origem a inumeras canções de sucesso a partir de então. O primeiro álbum solo veio em 1982, Tempos Modernos, que traz os sucessos “De Repente Califórnia”, “Tudo Com Você” e a faixa-títtulo. Daí em diante, a carreira de Lulu Santos decola e ele se torna um dos nomes mais populares do rock brasileiro dos anos 1980, emplacando dezenas de canções nas paradas de sucesso e vendendo milhares de discos.

No final dos anos 1980, o artista começa a flertar o seu pop rock com ritmos brasileiros através do álbum Popsambalanço E Outras Levadas, que embora tenha tido uma razoável avaliação da crítica, comercialmente foi fraco em vendas de discos. Sua carreira reacende com Assim Caminha a Humanidade, em 1994, cuja faixa-título se torna um grande sucesso por ter sido incluída como tema de abertura do seriado Malhação, da TV Globo, em 1995. Ainda em 1995, lança o álbum Eu Ee Memê, Memê E Eu, projeto em parceria com o DJ Memê, que mostra Lulu Santos mergulhado na sonoridade da dance music.

A partir de 2012, além da carreira solo, Lulu Santos passou a figurar como jurado do programa The Voice Brasil, na TV Globo. Em 2018, Lulu assumiu publicamente a sua orientação homossexual ao casar-se com o analista de sistemas Clebson Teixeira.

Da longa discografia de Lulu Santos, confira dez álbuns essenciais do “ultimo romântico” do rock brasileiro.

Tempos Modernos (Warner, 1982). Lulu Santos estreou muito bem a carreira solo com este seu primeiro álbum, Tempos Modernos. Na faixa-título, Lulu canta a esperança no futuro: “Eu vejo a vida melhor no futuro / Eu vejo isso por cima de um muro / De hipocrisia que insiste em nos rodear”. Produzido por Liminha, Tempos Modernos mostra o talento de Lulu para compor pop rocks acessíveis que o tornariam um dos artistas mais populares do novo cenário do rock brasileiro que estava em plena ebulição, e tomaria conta do gosto musical dos jovens dos anos 1980. Além da faixa que dá nome ao álbum, outras faixas estouraram nas rádios de todo o Brasil como “De Repente Califórnia”, “Tudo Com Você”, “Areias Escaldantes” e “Tesouros da Juventude”, esta última, já lançada antes do álbum como single, em 1981. Naquele ano, “Tesouros da Juventude” foi incluída na trilha sonora do filme Menino do Rio.

O Ritmo Do Momento (Warner, 1983). Em seu segundo álbum, O Ritmo Do Momento, Lulu manteve o pique do álbum de estreia. O Ritmo Do Momento traz canções que se tornaram grandes sucessos na carreira do carioca como “Um Certo Alguém”, “Adivinha O Quê”, “Esse Brilho Em Teu Olhar”.  Mas sem sombra de dúvidas, o maior momento do álbum é “Como Uma Onda (Zen-Surfismo)”, uma joia fruto da parceria Lulu Santos – Nelson Motta.





Tudo Azul (Warner, 1984). Mais um trabalho de uma sequência sensacional de grandes álbuns lançados por Lulu Santos. Tudo Azul ratifica a capacidade de Lulu Santos transitar com desenvoltura entre o rock e o pop, algo que já se havia percebido em O Ritmo Do Momento. Em seu terceiro álbum, Lulu passeia pelo reggae, pop, new wave e baladas românticas. As faixas “Certas Coisas”, “Tão Bem”, “O Último Romântico” e a faixa-título, caíram no gosto popular. Em Tudo Azul, Lulu Santos contou com a participação de convidados ilustres como os Paralamas do Sucesso e João Penca & Os Miquinhos Amestrados em “Respeito”, e de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Erasmo Carlos em “Ronca, Ronca”.


Lulu (RCA, 1988). Após o despretigiado Normal, de 1985, Lulu Santos recuperou o prestígio no ano seguinte com o seu quinto álbum, Lulu, o seu primeiro álbum pela gravadora RCA. O álbum vendeu 250 mil cópias, puxado pelo sucesso das faixas “Casa”, “Um Pro Outro” e “Minha Vida”. Lulu traz algumas curiosidades como “Ro-Que-Se-Da-Ne”, que foi censurada, e “Condição”, uma das primeiras experiências de Lulu na fusão de rock, funk e rap.





Toda Forma De Amor (RCA, 1988). Na época de seu lançamento, Toda Forma De Amor gerou muita polêmica por causa de sua capa: uma imagem com os bonecos Barbie e Ken “despidos” na capa, como se estivessem fazendo sexo. A capa foi censurada e as novas prensagens trouxeram uma capa preta tendo apenas o nome do cantor e o título do álbum. Mas isso não impediu que Toda Forma De Amor fosse um sucesso comercial, muito pelo contrário. Puxado pelas faixas “A Cura”, “Satisfação” e a faixa-título, o álbum vendeu nada menos que 450 mil cópias. A turnê de Toda Forma De Amor foi uma das maiores da carreira de Lulu Santos, e rendeu o álbum gravado ao vivo Amor À Arte, lançado em 1989.


Popsambalanço E Outras Levadas (BMG/RCA, 1989). Naquele final de anos 1980, Lulu Santos já era um artista consagrado na música brasileira. Com dezenas de sucessos e milhares de discos vendidos, ele podia “dormir em berço explêndido”, repertir a fórmula musical que o consagrou. Mas em Popsambalanço E Outras Levadas, Lulu decidiu se desafiar, inovar, ao experimentar a sonoridade eletrõnica e aproximar-se de ritmos brasileiros como o próprio título sugere. Em Popsambalanço E Outras Levadas, Lulu vai do rock e passa pelo samba (“Samba Dos Animais”) e até a nascente axé (“Eu Não”). Apesar da ousadia, o álbum foi um fracasso comercial se comparado a Toda Forma De Amor: vendeu apenas 70 mil cópias.


Honolulu (BMG, 1990). Assim como Popsambalanço E Outras Levadas, Honolulu sofreu influência da música brasileira mesclada ao pop rock que consagrou Lulu Santos. Comercialmente, Honolulu não foi um álbum brilhante, embora tivesse emplacado dois sucessos, “Eu Não Acredito” (versão em português de “I’m Believe”, de Neil Diamond) e “Papo Cabeça”.






Mondo Cane (PolyGram, 1992). Se existir uma lista dos discos mais injustiçados do rock brasileiro, certamente Mondo Cane teria que ser uma presença obrigatória. Em Mondo Cane, primeiro e único álbum de Lulu pela PolyGram, o cantor volta ao rock e em grande estilo, como no hard rock “Fevereiro” (que possui um riff fantástico de guitarra), na psicodélica “Ecos Do Passado”, e no grunge “Máquinas Maciças”. Apesar do clima roqueiro imperar no álbum, há alguns momentos de “brasilidade” no samba “Realimentação” e na bossa nova “E Então? (Boa Pergunta)”. Apesar da boa avaliação da imprensa musical, Mondo Cane teve uma baixíssima vendagem: 40 mil cópias. No entanto, por incrível que pareça, um dos maiores sucessos da carreira de Lulu está neste “fracassado” álbum, a canção “Apenas Mais Uma De Amor”.


Assim Caminha A Humanidade (BMG, 1994). Em seu 11º álbum de estúdio, Lulu Santos se reinventa mais uma vez, aproximando-se da dance music, e o resultado foi positivo. Foi a volta por cima de Lulu e o seu retorno às paradas de sucesso. O álbum marca o início da parceria de Lulu Santos com Marcello Mansur, mais conhecido como DJ Memê. A faixa-título foi tema de abertura do seriado Malhação, da TV Globo, em 1995, e foi um tremendo sucesso radiofônico. “Tudo Igual”, foi outro grande sucesso do álbum.




Eu E Memê, Memê E Eu (BMG, 1995). A parceria Lulu e DJ Memê deu tão certo em Assim Caminha A Humanidade que os dois produziaram um novo álbum, o multiplatinado Eu E Memê, Memê E Eu. O álbum traz sucessos de Lulu na BMG/RCA em versões remixadas pelo DJ Memê para as pistas. Uma outra parte do álbum, Lulu Santos regravou sucessos de outros artistas com arranjos e mixagens focadas também paras as pistas como “O Descobridor Dos Sete Mares” e “Sossego”, de Tim Maia, “Fullgás”, de Marina, e “Se Você Pensa”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Recheado de referências de house music, italo house, miami basse e outras vertentes da dance music, o álbum possui também trechos sampleados de canções de Doobie Brothers, Prince, Michael Jackson e Trammps. Eu E Memê, Memê E Eu agradou tanto o público que bateu a casa de 1 milhão de cópias vendidas.

Comentários

  1. Boa resenha, mas teria sido mais interessante falar sobre o álbum Normal do que sobre o chato Eu E Memê.

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    1. Embora possua duas faixas que fizeram sucesso, como "Sincero" e "De Repente", o álbum "Normal" é dos menos expressivos da discografia de Lulu Santos. Mas aí é o meu ponto de vista. O "Eu E Memê...", apesar de eu não ser fã desse disco, ele é bastante relevante na carreira de Lulu para um novo direcionamento musical que ele tomou mais voltado para a dance music, independente de gostarmos ou não desse novo direcionamento. O "Assim Caminha A Humanidade" já acenava para esse novo direcionamento. O "Eu E Memê..." foi uma ampliação, uma confirmação.

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  2. Um dia na vida também fez sucesso? Na década de 90 tocava em várias rádios de SP

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    1. Aqui no Rio nao tocou...a faixa q tocou muito desse album alem das mencionadas...foi Brigas(ui meu benzinho)

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