10 discos essenciais: Pink Floyd
A banda Pink Floyd é um dos mais
importantes e influentes nomes da história do rock. Com mais de 250 milhões de
discos vendidos, a banda inglesa notabilizou-se pelos álbuns com capas
enigmáticas, shows com cenários gigantescos, produções muito bem elaboradas e pelo
experimentalismo musical. No entanto, a história da banda não foi marcada apenas
pelo sucesso e pelo cuidado com a produção artística dos discos e dos
concertos. É marcada também por conflitos de egos, batalhas judiciais e
expulsões de membros da banda. Todas essas particularidades envolvendo o
relacionamento dos membros do Pink Floyd acabaram se refletindo nos álbuns que
a banda gravou ao longo de sua carreira. Confira 10 discos essenciais do Pink
Floyd, e que de alguma forma, ajudam a compreender a história e o que
representa a banda para o rock.
The
Piper At The Gates Of Dawn
(EMI/Columbia, 1967). O álbum de estreia do Pink Floyd teve a sua concepção gestada
na mente conturbada de Syd Barret (1946-2006), guitarrista, vocalista e autor
da maioria das faixas do álbum. Todo o conceito estético e musical, e as letras
cheias de fantasia e referências literárias foram fruto da imaginação Barret,
alimentada pelo uso de LSD. O consumo excessivo do alucinógeno o deixou
dependente e atrapalhando seus compromissos profissionais, o que acabou
forçando a sua saída da banda. Destaque para a psicodelia espacial de
“Astronomy Domine” e para a viagem cósmica de “Interstellar Overdrive”.
Atom Heart Mother (Harvest, 1970). Atom Heart Mother
ainda guarda
alguma relação do Pink Floyd com o rock psicodélico, mas marca um processo de
transição da banda inglesa para o rock progressivo. A faixa título e seus 23
minutos é uma miscelânea de referências trazendo ruído de motor de motocicleta,
coro, orquestra, lembrando o que algumas bandas psicodélicas faziam no auge da
psicodelia no final dos anos 1960. Outros destaques do álbum são “If” e
“Summer’68”. Com uma curiosa imagem de uma vaca, a capa do álbum não traz
título e nem o nome da banda, uma estratégia que seria adotada por outras
bandas de rock nos anos 1970 como o Led Zeppelin em seu Led Zeppelin IV, em 1971.
Meddle (Harvest, 1967). Conhecido como o “disco da orelha debaixo d’água”, Meddle marca a conversão
definitiva do Pink Floyd ao rock progressivo, pavimentando o caminho do grupo
inglês rumo à galeria dos gigantes do rock. Abrindo o álbum, “One Of These
Days”, uma das mais fantásticas músicas instrumentais do repertório do Pink
Floyd. “A Pillow Of Winds” é uma bela balada acústica e que traz um relaxante slide guitar executado por David
Gilmour. “Fearless” é um folk rock calmo e tranquilo. Mas a grande faixa do
álbum, tanto em tamanho quanto em importância é “Echoes”, que com os seus 23 minutos
de duração, ocupa todo o lado B do disco. Contudo, seu tamanho “quilométrico”
não impediu que estivesse entre as mais executadas nos concertos do Pink Floyd
e caísse no gosto dos fãs.
Obscured By Clouds (Harvest, 1972). Um dos trabalhos mais subestimados do Pink Floyd. Trilha sonora do filme
francês La Vallè, de Barbet Schroeder, Obscured
By Clouds foi produzido durante os intervalos de gravação do álbum Dark
Side Of The Moon. Foi gravado num curto espaço de tempo, mas isso não
comprometeu no resultado final, muito pelo contrário. Obscured
By Clouds tem grandes momentos como as “viajantes”
“Childhood's End”, “Where You’re In” e a faixa-título, o hard rock “The Gold
It's In The...” e as baladas “Wot’s… Uh The Deal” e “Stay”.
Dark
Side Of The Moon (Harvest/EMI,
1973). Dark Side Of The Moon começou a ser pensado logo após o
lançamento do álbum Meddle (1971), e a princípio se chamaria Eclipse. A banda compôs as faixas e as executava nos shows antes
mesmo de gravar o álbum para testar a receptividade do público. Dark
Side Of The Moon foi produzido ao longo de sete meses nos estúdios
Abbey Road, em Londres, com o que havia de melhor em termos de tecnologia de
gravação na época. Os temas abordados pela banda no álbum como loucura (“Brain
Damage”), ganância (“Money”), brevidade da vida (“Time”), medo da morte (“The
Great Gig In The Sky”), diferenças entre as pessoas (“Us And Them”) são
atemporais, e mostram que Dark Side Of The Moon continua
atual. O álbum fez um enorme sucesso e foi a consagração do Pink Floyd. Com
mais de 50 milhões de cópias vendidas ao longo do tempo, é o 3º álbum mais
vendido da história da indústria fonográfica.
Wish
You Where Here (Harvest/Columbia,
1975). Wish You Where Here teve a árdua tarefa de suceder o
mitológico Dark Side Of The Moon. A ganância, a manipulação e o lucro
desenfreado das grandes corporações da indústria fonográfica são abordados em
faixas como “Welcome To The Machine” e “Have A Cigar”. “Shine On You Crazy
Diamond” e a faixa-título, são dedicadas a Syd Barret, ex-membro e fundador do
Pink Floyd, que estava mergulhado numa profunda loucura. A faixa-título foi o
grande hit do álbum.
Animals (Harvest/Columbia, 1977). A partir de Animals, Roger Waters começa o seu
processo de domínio sobre o Pink Floyd, e que resultaria no fim da banda seis
anos mais tarde. Todas as faixas foram compostas por Waters, exceto “Dogs”, uma
parceria dele e David Gilmour. Animals teve como inspiração o livro
A Revolução dos Bichos, de Geroge
Orwell, lançado em 1945, e discute a desigualdade social e o capitalismo
selvagem. A capa do álbum mostra a Usina Termelétrica de Batthersea, de
Londres, e um porco inflável sobrevoando entre as chaminés da usina. A turnê de
Animals
foi proporcional ao gigantismo a que o Pink Floyd havia chegado, e
cercada de muitos tumultos. A idolatria descontrolada dos fãs durante a turnê
de Animals
chocou Roger Waters e o motivou a discutir esse tema no álbum seguinte
do Pink Floyd, The Wall .
The
Wall (Harvest/Columbia,
1979), Pink Floyd. A turnê do álbum Animals (1977), deixou o baixista
Roger Waters horrorizado com a idolatria desenfreada dos fãs do Pink Floyd, com
os shows e as estruturas gigantescas em estádios lotados e com o estrelato a
que a banda havia chegado. Tal situação de pavor inspirou Waters a criar o
conceito do próximo álbum do Pink Floyd, The Wall, contando a história de
Pink, um rock star que rebela-se contra o seu próprio público fanático e com a
vida de astro do rock, culpando a superproteção da mãe, a ausência do pai
(morto numa guerra) e as drogas pelas suas frustrações; isola-se de tudo e de
todos atrás de um muro imaginário, daí o título do álbum. Para desenvolver a
história do personagem fictício nas canções do álbum, Waters inspirou-se na sua
própria vida (seu pai morreu na 2ª Guerra Mundial, deixando a esposa grávida
dele) e um pouco na de Syd Barret (onde entra aí a vida conflituosa de Pink
como astro do rock). O álbum inspirou o filme Pink Floyd – The Wall, de Alan Parker, lançado em 1982. “Another
Brick In The Wall, Part 2”, “Comfortably Numb”, “Run Like Hell” e “Hey You”
foram os hits deste álbum duplo.
The
Final Cut
(Harvest/Columbia, 1983). Último álbum do Pink Floyd com Roger Waters como membro da banda, The
Final Cut divide opiniões: há quem goste, há quem deteste. O álbum já é
polêmico por não trazer o tecladista Richard Wright que foi praticamente
expulso da banda durante as gravações de The Wall, em 1979. A relação entre
Waters e David Gilmour estava bastante tensa durante a produção de The
Final Cut. Devido ao total controle de Roger Waters na condução do
álbum, alguns apontam que The Final Cut estaria mais para um
trabalho solo do baixista do que para um álbum do Pink Floyd. O disco faz
referência à 2ª Guerra Mundial - da qual o pai de Waters participou – o que o
aproxima de The Wall, ou mesmo seria uma continuação deste. Faz referência
também à Guerra das Malvinas, conflito que envolveu Inglaterra e Argentina, em
1982.
The
Division Bell (EMI/Columbia,
1994). Considerado o melhor álbum do Pink Floyd pós-Roger
Waters, The Division Bell divide opiniões assim como The
Final Cut. Enquanto
algumas opiniões acreditam que The Division Bell é relevante,
outras acham o álbum chato e datado. O título do trabalho faz referência à
campanhia usada no Parlamento Britâncio quando há votações e que requer
debates. Baseado nisso, The Division Bell trata do diálogo,
da troca de comunicação, ou da falta dela. Diferente de A Momentary Lapse Of Reason,
disco que marcou a volta do Pink Floyd em 1987 sem Roger Waters, em The
Division Bell, o tecladista Richard Wright participou de todo o
processo criativo do álbum, coisa que não aconteceu no disco anterior devido
aos entraves judiciais que o impediram de participar como membro oficial do
Pink Floyd durante concepção de A Momentary Lapse Of Reason,
provavelmente consequências da sua expulsão da banda em 1979 movida por Roger
Waters. Merecem destaque em The Division Bell as faixas
“Take It Back”, “High Hopes” e “Lost For Words”.
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