"Olhar" (1985), Metrô
1985 foi um dos anos mais férteis para o rock brasileiro na década de 1980.
Foi um ano de safra muito boa de álbuns e alguns deles se tornaram verdadeiros
patrimônios do rock nacional. Revoluções Por Minuto (RPM), Nós
Vamos Invadir A Sua Praia (Ultraje), Educação Sentimental (Kid
Abelha), Legião Urbana (Legião) foram lançados naquele ano e se tornaram
clássicos do rock brasileiro. Não é à toa, num momento em que o rock brasileiro
vive uma das suas piores fases no mainstream, que discos clássicos do rock
nacional lançados em 1985 receberam homenagens pelos 30 anos de lançamento
através de artigos na imprensa, relançamentos ou shows especiais.
Um álbum que chegou ao "clube dos 30" é o
subestimando Olhar, álbum de estreia do Metrô. O quinteto paulista formado
por quatro marmanjos e uma garota, Virginie Adéle (hoje Virginie Boutaud ),
começou como uma banda de rock progressivo no final dos anos 1970, e depois do "boom" do
novo rock nacional no começo da década de 1980, voltou-se para a new wave e o synthpop. Assinaram
contrato com a Epic (selo da gravadora CBS, hoje Sony Music) e lançaram o
single "Beat Acelerado" que tocou à exaustão em 1984. No ano seguinte,
lançaram o álbum Olhar, um disco muito bem feito,bem acabado, desde a gravação à
arte gráfica. Gosto muito desse disco, possuo em formato LP e CD.
Detalhe da contracapa do single "Beat Acelerado", de 1984. |
Olhar mais parece uma coletânea de sucessos. A maioria das
faixas tocou no rádio e na TV: "Tudo Pode Mudar" (que chegou a
rivalizar com "We Are the World", do projeto USA For Africa, em
execução em rádios no Brasil), "Sândalo de Dândi" ( a que eu gosto
mais do disco) e "Cenas Obscenas". A regravação de "Ti Ti
Ti", de Rita Lee, virou tema de novela da Globo e foi um dos grandes hits do álbum. Aqui em Salvador, a faixa "Olhar" virou vinheta da Itapoan FM, usada pela emissora durante
vários anos, mesmo depois do fim da banda. O disco ainda traz "Beat
Acelerado II", uma versão bossa-nova do primeiro hit do grupo com direito
a alguns versos em francês.
Acredito que o sucesso do Metrô se deva à boa combinação de
rocks dançantes com uma inclinação pop e ênfase nos sintetizadores, ao carisma
de Virginie, e claro, aos rapazes da banda, bonitos e elegantes que derretiam
os corações das moçoilas. Um dos membros do grupo, o baterista Dany Roland, já
havia ficado famoso antes mesmo do Metrô, ao estrelar os comerciais da US TOP
no papel do Fernandinho na TV. O bordão do comercial se tornou antológico:
"Bonita camisa, Fernandinho".
Olhar e mais outros discos de bandas paulistas lançados naquele
ano, marcaram uma situação interessante: a virada de jogo do rock paulista
sobre o rock carioca. Se até 1984 as bandas cariocas eram as que dominavam o
mainstream do rock nacional, as paulistas foram à forra em 1985, lançando álbuns
de grande relevância e reverteram a situação.
Após o sucesso meteórico em 1985, no ano seguinte, Virginie
deixou o Metrô. Em seu lugar entrou vocalista português Pedro d'Orey. Com ele, o Metrô lançou o segundo álbum, A Mão
de Mao. Voltado para o experimentalismo, A Mão de Mao chegou a
ganhar elogios da crítica, mas foi um fracasso em vendagens, não tinha o apelo
pop e comercial de Olhar. Em 1988, o Metrô acabou.
Metrô com sua formação original em 2016. |
Em agosto deste ano, o Metrô voltou com sua formação
original e acompanhado do relançamento de Olhar através da Sony Music numa
edição especial. O relançamento do álbum foi de maneira caprichada: em CD duplo,
sendo um disco com o álbum na íntegra com as faixas originais remasterizadas, e
um disco-bônus trazendo material raro como remixes, faixas ao vivo e faixas
demo.
Edição comemorativa de Olhar lançado neste ano de 2016 como Cd duplo. |
Metrô: Virginie Boutaud (vocal), Alec Haiat (guitarra), Xavier Leblanc (baixo), Yann Lauoenan (telcados) Dany Roland - bateria.
Faixas:
01. “Olhar” (Vincente
França - Yann)
02. “Cenas
Obcenas” (Léo Jaime - Leoni - Metrô)
03. “Johnny Love” (Alec – Yann -
Joe)
04. “Sândalo
De Dândi” (Tavinho Paes)
05. “Melodix”
(Metrô)
06. “Beat
Acelerado (Versão II)” (Alec – Vicente - Yann)
07. “Tudo
Pode Mudar” (Joe - Ronaldo Santhos)
08. “Hawaii-Bombay”
(Fernando Naporano - José María Cano)
09. “Solução”
(Wagner - Metrô)
10. “Stabilo"
(Angelo Palumbo)
11. “Que
Loucura” (Yann Laouenan)
12. “Ti Ti
Ti” (Roberto de Carvalho - Rita Lee)
"Olhar"
"Sândalo de Dândi"
"Tudo Pode Mudar"
"Ti Ti Ti"
"Cenas Obscenas"
Excelente álbum... Ainda tem "Johnny Love"...
ResponderExcluirCom certeza, Edson. É um grande disco.
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