"The Clash" (CBS, 1977), The Clash
Da
"santíssima trindade do punk rock", Ramones-Sex Pistols-The
Clash, a mais politizada e engajada sem sombra de dúvidas era a banda The
Clash. O grupo tinha um discurso politizado bastante coeso, e que não se
restringia apenas nas letras das canções, mas também demonstrava tudo que
pregava através de atos, como por exemplo, o apoio que a banda deu no final dos
anos 1970 ao movimento Sandinista na Nicarágua e ao IRA na Irlanda.
O Clash foi formado em meados de 1976, em
Londres, Inglaterra, quando o "furacão" punk começava a sacudir o
reino da Rainha Elizabeth II e abalar as estruturas do mainstream do rock graças à rebeldia descontrolada dos Sex Pìstols.
A banda capitaneada por Johnny Rotten serviu de inspiração para uma legião de
jovens músicos formarem novas bandas com uma sonoridade e a estética fincadas
no punk rock. Naquele ano, após verem um show dos Pistols, Joe Strummer (vocais
e guitarra) e Keith Levene (guitarra), deixaram a banda 101'ers e se juntaram
aos ex-London SS, Mick Jones (guitarra solo e vocais), Paul Simonon (baixo e
vocais) e Terry Chimes (baterista e também conhecido como Tory Crimes) e
formaram a banda The Clash.
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Sex Pistols, ainda com Glen Matlock (segundo da esquerda para a direita): inspiração para The Clash. |
Contando com Bernard Rhodes (ex-sócio de
Malcolm McLaren, empresários dos Sex Pistols), o The Clash começou a fazer as
suas primeiras apresentações. Pouco depois, Levene deixou a banda. No final de
1976, o Clash integra a turnê Anachy Tour,
abrindo os shows dos Sex Pistols.
Em fevereiro de 1977, o Clash assinou contrato
com a gravadora CBS Records e logo já estava entrando em estúdio para as
gravações do seu primeiro álbum. Em março de 1977, sai o primeiro single do
Clash, "White Riot". No mês seguinte, a CBS lança o primeiro e
autointitulado álbum do Clash. E justamente após o lançamento do álbum, Terry
Chimes deixa o Clash é substituído por Topper Headon. Em maio, sai o segundo
single da banda, "Remote Control".
Apesar de quarteto, a capa do álbum de estreia
do Clash traz apenas três integrantes. O baterista Terry Chimes não quis fazer
as fotos para a capa porque havia previamente decidido deixar a banda após o
lançamento do disco. A foto é de Kate Simon e a partir dela, foi concebida a
arte da capa que ficou por conta do designer gráfico polonês Roslaw Szaybo.
Na maioria das faixas de The Clash, o álbum, Joe
Strummer é quem canta, enquanto é acompanhado pelos outros colegas fazendo os
vocais de apoio. Mick Jones canta apenas em uma, e divide os vocais com
Strummer em outras duas faixas. Se comparado com o primeiro álbum dos Sex
Pistols e com o dos Ramones, este álbum de estreia do Clash mostra uma banda
tecnicamente mais evoluída que as duas primeiras citadas. Mesmo se tratando de
um álbum punk, o Clash já demonstrava que musicalmente tinha um arco de
possibilidades mais variado que os Sex Pistols e Ramones, o que se confirmaria
mais tarde em álbuns como London Calling(1979) e Sandinista(1980).
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The Clash:, da esquerda para a direita: Joe Strummer, Paul Simonon, Topper Headon e Mick Jones. |
O álbum começa com "Janie Jones",
cujo título é nome de uma cantora pop inglesa que fez um relativo sucesso nos
anos 1960, mas que na década seguinte, se envolveu num escândalo, acusada de
agenciar prostitutas na Inglaterra. Com Strummer e Jones dividindo os vocais
principais, "Remote Control" é uma crítica aos burocratas do show business, que ditam regras e impõem
um controle a quem trabalha para eles. Em "I'm So Bored With The USA", o
Clash faz uma crítica direta aos Estados Unidos, destacando o consumo de drogas
por parte dos soldados norte-americanos que estavam no conflito no Camboja, o
apoio do governo norte-americano às ditaduras - sobretudo às da América Latina
- e ao escândalo do Watergate que culminou com a queda do presidente Richard
Nixon, em 1974.
"White Riot" trata do agravante
problema das diferenças das classes sociais e raciais na Inglaterra: "Black men got a lot of problems / But
they don't mind throwin a brick / White people go to school / Where they teach
you how to be real thick" ("Os
negros têm muitos problemas / Mas não temem atirar um tijolo / O povo branco
vai à escola / Onde o ensinam a serem verdadeiros estúpidos..." ). O ódio, a guerra, a
violência e a intolerância são temas presentes em "Hate & War", e
aqui, Strummer e Jones dividem os vocais principais mais uma vez. Em "What's
My Name" o tema gira em torno de crise de identidade, enquanto que
"Deny" fala de um sujeito mentiroso e enganador.
"London's Burning" fecha o lado A traça
uma imagem da Londres do final dos anos 1970, em que o Clash fala do tédio e do
tráfego da capital inglesa. A banda insinua que a necessidade de mudança, de
sair do marasmo, da inércia.
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Guerra no Camboja, nos anos 1970: conflito em que os Estados Unidos se envolveram e que é citado em "I'm So Bored With The USA". |
Abrindo o lado B do álbum, a faixa "Carrer
Opportunities", na qual o Clash destaca a crise econômica e o desemprego
que assolavam o Reino Unido no final dos anos 1970. "Cheat" fala de
trapaça e de burlar regras. Com um título emprestado do nome de uma marca de
preservativos, "Protex Blue" trata de sexo e prazer.
O Clash mostra o seu vínculo com o reggae em
"Police & Thieves", regravação do sucesso do cantor jamaicano
Junior Murvin, originalmente gravada por este em 1976 e que fala dos conflitos
entre policiais e bandidos na Jamaica. A música entrou no álbum em última hora
para ampliar o número de faixas do disco.
"48 Hours" busca a diversão intensa
no final de semana enquanto a segunda-feira não vem. Encerrando álbum,
"Garageland", uma resposta provocativa ao jornalista Charles Shaar
Murray que havia afirmado que o Clash era "um
tipo de banda de garagem que deveria ser devolvida imediatamente à
garagem".
The Clash, o álbum, teve um desempenho comercial bastante modesto. No
Reino Unido, alcançou o 12º lugar da parada britânica. A gravadora CBS, a
princípio não lançou álbum imediatamente nos Estados Unidos por achá-lo pouco
atraente ao mercado norte-americano. O só foi lançado nos Estados Unidos em
1979, e assim mesmo, com algumas alteração na lista de faixas. A edição
norte-americana substituiu cinco faixas da verão inglesa por cinco faixas
lançadas anteriormente apenas em singles. Ficaram de fora da edição
norte-americana "Deny", "Cheat", "Protex Blue",
"48 Hours", "White Riot"(versão álbum), e substituídas por
"Clash City Rockers", "Complete Control", "White Riot"
(regravação para single), "I Fought The Law" e "Jail Guitar
"Doors".
Faixas
Edição
inglesa
Lado A
"Janie Jones"
"Remote Control"
"I'm So Bored with the USA"
"White Riot"
"Hate and War"
"What's My Name" (Joe Strummer
- Mick Jones - Keith Levene)
"Deny"
"London's Burning"
"Career Opportunities"
"Cheat"
"Protex Blue"
"Police & Thieves" (Junior
Murvin - Lee Perry)
"48 Hours"
"Garageland"
Edição
norte-americana
Lado A
"Clash City Rockers"
"I’m So Bored with the USA"
"Remote Control"
"Complete Control"
"White Riot"
"(White Man) In Hammersmith
Palais"
"London's Burning"
"I Fought The Law" (Sonny
Curtis)
Lado B
"Janie Jones"
"Career Opportunities"
"What's My Name" (Joe Strummer
- Mick Jones - Keith Levene)
"Hate & War"
"Police & Thieves" (Junior
Murvin - Lee Perry)
"Jail Guitar Doors"
"Garageland"
Todas as faixas são de autoria de Joe Strummer e Mick Jones,
exceto as indicadas.
The Clash: Joe Strummer (vocal e vocais de apoio - guitarra
base - guitarra solo em "48 Hours" )
Mick Jones (guitarra, vocais principais e vocais de apoio)
Paul Simonon (baixo)
Terry Chimes (creditado como Tory Crimes) (bateria)
Topper Headon (bateria) nas faixas 1, 4, 6, 8, 14 na versão
americana
Confira o álbum The Clash - edição inglesa
Confira o álbum The Clash -
edição norte-americana
"I Fought The Law" (vídeoclipe)
"Complete Control" (vídeoclipe)
"White Riot" (vídeoclipe)
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