10 discos essenciais: power trio
Formado por
um guitarrista, um baixista e um baterista (tendo um dos três fazendo o vocal),
o power trio ganhou projeção dentro do rock’n’roll a partir dos anos 1960
através do supergrupo Cream, que mostrou ao mundo que um trio de rock poderia
fazer um som pesado, poderoso e agressivo. De lá pra cá, muitos power trios
apareceram e cravaram seus nomes na história do rock, seja através de shows
memoráveis ou de discos fabulosos. Falando neles, confira alguns dos 10 discos
essências de power trio que marcaram época no rock.
Are You Experienced (Track, 1967),
The Jimi Hendrix Experience. As primeiras apresentações do power trio formado pelo guitarrista
Jimi Hendrix e os parceiros Noel Redding (baixo) e Mitch Mitchell (bateria),
assombraram até mesmo rockstars consagrados como Paul McCartney e Pete
Towshend. O som poderoso do trio foi traduzido para o álbum Are
You Experienced, o primeiro da banda. Aqui, o trio mescla blues, rock,
jazz e psicodelia, com direito às distorções alucinantes da guitarra de
Hendrix. Fazem parte deste álbum as clássicas “Foxy Lady" e “Are You Experienced?”, porém “Purple
Haze” e ‘Hey Joe” saíram apenas na
edição norte-americana.
Disraeli Gears
(Reaction, 1967), Cream. Até
onde se tem notícia, o Cream não só foi o primeiro supergrupo (banda formada
por músicos já consagrados) como também o primeiro power trio da história do
rock. Formado por Eric Clapton (guitarra), Jack Bruce (baixo e vocais) e Ginger
Baker (baterista), o Cream combinava o peso e a distorção do blues rock com os
experimentos e “viagens” da psicodelia, uma receita musical presente em Disraeli
Gears, o segundo e talvez mais importante álbum do power trio inglês. “Strange
Brew“’, Sunshine Of Your Love”, “Tales Of Brave Ulysses” são as faixas
principais do álbum desta banda que foi uma das precursoras do hard rock.
Vincebus Eruptum (1968,
Philips), Blue Cheer. Formada em San Francisco, Califórnia, em 1967 como
um sexteto, o Blue Cheer entrou para a história do rock quando tornou-se um
power trio com Dickie Peterson (baixo e vocal), Leigh Stephens (guitarra) e Paul
Whaley (bateria) fazendo um som demolidor. A banda pegou o blues elétrico e
injetou nele distorção e peso intensos a tal ponto dos seus shows serem
simplesmente ensurdecedores para os padrões roqueiros do final dos anos 1960,
antecipando o que seria conhecido mais tarde como heavy metal. Vincebus
Eruptum traz versões pesadas e reinventadas de “Summertime
Blues", de Eddie Cochran, e de "Rock Me Baby", de B.B. King,
além de composições próprias do trio como a quilométrica “Doctor Please” e a
caótica “Second Time Around”.
2112 (Mercury, 1976), Rush. O Rush estava com a corda no
pescoço com o fracasso comercial do álbum Caress of Steel, de 1975. Com shows
minguados e a conta bancária quase vazia, o Rush ainda corria o risco de ser
dispensado pela gravadora, a menos que a banda gravasse um álbum mais
comercial, sem faixas “quilométricas” como as do álbum anterior. Um acordo
entre banda e gravadora atendeu a ambos os lados. Se o lado A possui apenas uma
faixa de 20 minutos dividida em sete partes, o lado B do álbum trazia cinco faixas,
músicas curtas e “acessíveis” como a gravadora queria. 2112 foi um grande
sucesso e fez o Rush recuperar o prestígio. Com ele a banda encontraria um
caminho para consolidar o seu estilo de som.
Reggatta de Blanc (A&M,
1979), The Police. Com os fundamentos da música punk debaixo do braço
e a musicalidade jamaicana na cabeça, o Police partiu com tudo para o seu segundo
álbum, Reggatta de Blanc. Apesar da boa recepção do primeiro álbum Outlandos
d'Amour, foi com Reggatta de Blanc que o Police conquistou o estrelato graças a uma costura bem feita de reggae, pop e
new wave, e ao entrosamento competente de Sting (vocais e baixo), Andy Summers
(guitarra) e Stewart Copelland (bateria). O álbum emplacou os hits “Message In A Bottle” e
“Walking On the Moon”.
Ace Of Spades (Bronze Records, 1980), Motörhead. No quarto álbum do Motörhead, Lemmy Kilmister (vocal e baixo), Fast
Eddie Clarke (guitarra) e Phil Taylor (bateria) consolidaram o estilo de som
pesado e veloz que a banda já vinha desenvolvendo desde os álbuns anteriores ao
agregar elementos do punk ao heavy metal, apontando caminhos que desembocariam
em vertentes do heavy metal que surgiriam pouco tempo depois, como speed metal
e o thrash metal. Ace Of Spades é matador do início ao fim, merecendo destaques a
faixa-título, “Love Me Like A Reptile”, “Shoot You In The Back”, “Jailbait” e
“The Hammer”.
Selvagem? (EMI-Odeon, 1986), Os Paralamas do Sucesso. Sem sombra de dúvidas, o mais bem sucedido power trio do rock
brasileiro. O seu formato power trio tinha uma sonoridade muito espelhada no
The Police, também power trio. Mas isso mudou a partir do terceiro álbum, Selvagem?,
quando a banda decide abandonar os cânones da new wave e abraçar as
referências do reggae, da música caribenha e da música brasileira. Destaques
para o questionamento social de “Alagados” e “A Novidade”, o discurso
politizado de “Selvagem” e à versão reggae de “Você”, antigo sucesso do soul man
brasileiro Tim Maia.
A Revolta dos Dândis (RCA, 1987), Engenheiros do Hawaii. Em seu
segundo álbum, A Revolta dos Dândis, de 1987, os Engenheiros passaram por mudanças.
A primeira foi a saída do baixista Marcelo Pitz. Entrou o guitarrista Augusto
Licks, enquanto que Humberto Gessinger, que era o guitarrista assumiu o baixo,
mas manteve-se nos vocais. Carlos Maltz permaneceu na bateria. A segunda
mudança foi musical: o trio deu adeus ao som pop do primeiro disco e seguiu rumo
ao som mais maduro, questionador, e a sonoridade aproximou-se do folk rock e do
rock progressivo. A filosofia existencialista de Albert Camus e Jean-Paul
Sartre exerceu forte influência nas letras do álbum e fez o trio gaúcho decolar
e se tornar uma das bandas mais populares do rock brasileiro no final dos anos
1980.
Nevermind
(DGC, 1991), Nirvana. Quando foi lançado, Nevermind causou um abalo
sísmico no cenário do rock mundial como não se via desde
Never Mind The Bollocks, Here’s The Sex Pistols, em 1977. Ambos os
álbuns têm em comum a fúria e o fato de serem obras nascidas dos porões do
underground do rock. A diferença é que Nevermind acabou indo muito além ao
derrubar medalhões das paradas de sucesso como Michael Jackson e U2, vender
mais de 10 milhões de cópias (aumentando essa marca no decorrer do tempo), sem
qualquer marketing milionário e colocar o som grunge no mapa mundial da música
pop.
Dookie (Reprise,
1994), Green Day. O terceiro álbum do Green Day catapultou o power
trio californiano para as grandes plateias e deu um novo vigor ao velho e bom punk
rock. Misturando peso, velocidade, fúria, humor e linhas melódicas, o álbum
vendeu mais de 20 milhões de cópias graças ao poder de fogo de faixas
como “Welcome To Paradise”, “Basket Case”,
“When I Come Around”, “She” e “Longview”. O álbum foi um dos responsáveis pela
popularização do pop punk, para desespero dos punks mais “ortodoxos”.
Muito legal, meu amigo. Você sempre trazendo muito conhecimento e histórias super legais da música pra gente se deliciar.
ResponderExcluirParabéns!!!!
Obrigado pelo comentário. O papel deste blog é esse. Sempre tem coisas interessantes por traz de discos que marcaram época.
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