“That’s The Way Of The World” (Columbia, 1975) Earth, Wind & Fire


Em 1975, a banda norte-americana Earth, Wind & Fire tinha seis anos de carreira, cinco álbuns de estúdio no currículo e um modesto sucesso. Mas a partir daquele ano, a situação da banda iria mudar após um convite do diretor de cinema Sig Shore (1919-2006) para que a mesma atuasse no seu filme, That’s The Way Of The World, filme que aborda os bastidores da indústria fonográfica e do show business, desde o glamour ao lado podre. Shore já havia dirigido o filme Super Fly, de 1972 que fez um grande sucesso na época, assim como a sua trilha sonora, composta pelo cantor, compositor e músico Curtis Mayfiled (1942-1999) e que se tornou uma obra-prima do R&B e da soul music. Nesse novo filme de Shore, além de comporem a trilha sonora, os membros do Earth, Wind & Fire fariam o papel da banda fictícia The Group. O filme foi um tremendo fracasso de bilheteria, mas em compensação, a trilha sonora composta e executada pelo Earth, Wind & Fire fez um enorme sucesso e alavancou a carreira da banda tornando-a conhecida no mundo inteiro a partir de então.

That’s The Way Of The World , o álbum, é o sexto da carreira do Earth, Wind & Fire. Mostra uma banda madura musicalmente, numa explosão criativa, explorando todo o seu potencial vocal e instrumental, e fazendo uma impecável fusão do som negro norte-americano como a soul music e R&B com ritmos latinos e africanos, tudo bem amarrado numa costura pop.

Poster do filme That’s The Way 
Of The World.
“Shining Star” é um funk que abre o álbum, foi lançado como single em janeiro de 1975, antes de o álbum chegar à lojas. No seu final, Maurice White e Philip Bailey proporcionam ao ouvinte um incrível vocal a cappela. “That’s The Way Of The World”, faixa que dá nome ao álbum, é uma bela e elegante balada com um ritmo suave, com destaque para os vocais da banda e do falsete de Philip Bailey. A contagiante “Happy Feelin’” traz uma linha de baixo vigorosa de Verdine White e mais uma vez, o falsete de Bailey se destaca. A kalimba, instrumento musical africano  executado por Maurice White, dá um tempero diferenciado à música. Fechando o lado, “All About Love”, balada com direito a uma narrativa romântica de Maurice White e um interlúdio ao final da música no qual Larry Dunn mostra toda a sua habilidade como tecladista.

Com vocais de Maurice, o funk “Yearnin’ Learnin’” abre o lado B do álbum e traz uma linha de baixo bem marcada e os metais presentes no refrão e sustentando o restante da música. Em “Reasons”, Bailey demonstra todo o seu romantismo com o seu falsete e a banda mostra a sua vocação para baladas românticas. Uma das melhores faixas do disco, a instrumental “Africano” começa com sons de flauta e kalimba, seguidos de uma breve pausa que é rompida por um ritmo dançante de percussão e bateria, e depois todo o restante da base instrumental: baixo, guitarra, teclados e metais. “See This Light” flerta  discretamente com a música latina e o jazz na sua introdução. Nesta faixa, as harmonizações vocais da banda são incríveis, onde Bailey solta com todo vigor o seu falsete. É talvez a música com os arranjos mais complexos e mais trabalhados do disco.

Lançado em 15 de maio de 1975, That’s The Way Of The World ficou três semanas em 1º lugar na parade de álbuns pop da Billboard. O álbum vendeu mais de 3 milhões de cópias. O single de “Shining Star” vendeu mais de 1 milhão de cópias e atingiu o topo da parada de singles de R&B da Billboard, enquanto que o da faixa-título ficou em 12º. O ótimo desempenho comercial de That’s The Way Of The World fez o Earth, Wind & Fire ganhar em 1975 o American Music Awards na categoria “Melhor Banda, duo ou grupo de soul/R&B”, e em 1976, o prêmio Grammy de “Melhor Interpretação Vocal R&B Por Dupla, Grupo Ou Coro.


Capa dupla: a capa aberta (frente e verso de That’s The Way Of The World .

O som polido e bem acabado deste disco teve uma “peça-chave” muito importante: Charles Stepney. Ao lado de Maurice White, Charles Stepney produziu e fez os arranjos das músicas, sobretudo os dos metais que se tornariam uma das marcas registradas do Earth, Wind & Fire. Charles Stepney ainda produziria mais dois álbuns do Earth, Wind & Fire, Gratitude (1975) e Spirit (1976). Infelizmente, Stepney faleceu durante o período de gravação do álbum Spirit. Apesar da sua morte, a banda parece que assimilou muito bem o que aprendeu com Stepney e empregou todo o aprendizado nos álbuns seguintes que também fizeram um grande sucesso de público e crítica.

Faixas:

Lado A
"Shining Star" (Philip Bailey - Larry Dunn - Maurice White)         
"That's the Way of the World" (Charles Stepney - Maurice White - Verdine White)      
"Happy Feelin'"                (Verdine White - Philip Bailey - Larry Dunn - Maurice White - Al McKay)             
"All About Love" (Larry Dunn - Maurice White)

Lado B
"Yearnin' Learnin'" (Philip Bailey - Charles Stepney - Maurice White)    
"Reasons" (Philip Bailey - Charles Stepney - Maurice White)     
"Africano" (Larry Dunnm - Maurice White)        
"See the Light" (Louise Anglin - Philip Bailey - Larry Dunn)  

Earth, Wind & Fire: Maurice White (vocais e percussão), Philipe Bailey (vocais e percussão), Verdine White (baixo e vocais), Larry Dunn (teclados), Al McKay (guitarra), Johnny Graham (guitarra), Andrew Woolfolk (saxophone e flauta), Ralph Johnson (percussão) e Fred White (bateria).  



Aberturado do filme That’s The Way 
Of The World.



“Shining Star”



"Africano"



“Happy Feelin’” 




“Yearnin’ Learnin’” 



"Reasons"


“See This Light” 



“That’s The Way Of The World”
       

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