“Tracy Chapman” (Elektra, 1988), Tracy Chapman


Natural da cidade de Cleveland, Ohio, a norte-americana Tracy Chapman era uma ilustre desconhecida até 1987, que para ganhar alguns trocados, tocava com seu violão nas ruas e praças de Boston, Massachussets, Estados Unidos.  Naquele mesmo ano, foi descoberta numa dessas suas exibições em via pública e logo recebeu um convite para gravar um disco pela Elektra Records. A produção ficou a cargo de David Kershenbaum, experiente produtor que já havia trabalhado com artistas consagrados como Joan Baez, Joe Jackson e Richie Havens. O álbum foi produzido em oito semanas no estúdio Powertrax, em Hollywood, Califórnia.

Em abril de 1988, o álbum de estreia de Tracy Chapman e que leva o seu nome, chegou às lojas. O seu disco só começou a deslanchar mesmo após Tracy se apresentar num evento em comemoração aos 70 anos de Nelson Mandela, no Estádio de Wembley, em Londres, Inglaterra, em junho de 1988. Contando com vários astros da música internacional como Stevie Winder, Eurythmics, Simple Minds, George Michael, Bee Gees, Phil Collins, Dire Straits entre outros, o evento foi transmitido para vários países, e assim um grande público pode conhecer aquela cantora que até aquele momento, era desconhecida em boa parte do planeta. No mesmo ano de 1988, a imagem da cantora ganharia mais projeção com sua participação na turnê Human Rights Now!, da qual participaram também Sting, Bruce Springsteen e E Street Band, Peter Gabriel e Youssou N'Dour. Tracy se tornou a partir de então uma artista ativista vinculada à Amnistia Internacional.

Tracy Chapman no show comemorativo aos 70 anos de Nelson Mandela,
no Estádio de Wembley, em Londres, em 1988.
Tracy Chapman, o álbum, foi muito bem avaliado pela crítica na época de seu lançamento, apesar da simplicidade das letras. Com cerca de 24 anos, Tracy foi saudada como uma das gratas revelações da folk music que estava com uma nova safra de cantoras dentre as quais, Suzanne Veja, que havia estourado no ano anterior. Tracy surpreendia não só pelo seu talento, mas pelo fato de ser um cantora negra se destacando num gênero musical onde tradicionalmente sempre predominou cantoras/compositoras brancas, tendo Joan Baez, Joni Mitchell e Judy Collins como as figuras femininas icônicas da folk music.  Contudo, os temas abordados por Tracy em suas canções são temas que sempre estiveram presentes na folk music desde o seu ressurgimento nos anos 1960 através de Bob Dylan e Joan Baez, como injustiça social, violência e a guerra. No caso de Tracy, havia um tema que ela conhecia muito bem e por experiência própria: o racismo.

Tracy na capa da "Rolling Stone", em 1988.
Todos esses temas estão presentes no álbum de estreia de Tracy. A faixa que abre o álbum, "Talkin' Bout A Revolution" propõe uma levante popular em que os mais pobres devem reivindicar o que lhes cabe de direito. Violência urbana, racismo e conflitos sociais estão presentes em “Acroos The Lines”. Em “Behind The Wall”, Tracy toca num assunto que infelizmente, ainda é muito atual: a violência doméstica contra a mulher.  Mas o álbum reserva espaço para coisas mais amenas em canções de conteúdo mais romântico como em "Baby Can I Hold You", "For My Lover", "If Not Now..." e "For You".

O álbum teve um grande sucesso comercial, chegou à marca de 6 milhões de cópias vendidas,  transformando Tracy de cantora de rua a estrela mundial da música. Primeiro single do álbum, “Fast Car” foi 5º lugar nos Estados Unidos e 6º no Reino Unido. Quando o álbum foi lançado aqui no Brasil, quem chamou a atenção para o talento de Tracy Chapman foi Roberto Carlos, que não deixou de ser um “garoto-propaganda” de luxo da cantora. Ainda no Brasil, a faixa "Baby Can I Hold You" fez um enorme sucesso no país graças à sua inclusão na trilha sonora da novela “Vale Tudo”, da Globo.

No ano seguinte, em 1989, Tracy continuou colhendo frutos do sucesso de seu álbum de estreia. Ela foi eleita “Artista do Ano”, tanto pela revista “Rolling Stone” quanto pela “Musician”. Tracy foi contemplada com três Grammys: “Artista Revelação”, “Melhor Álbum de Folk Contemporâneo” e “Melhor Performance Pop Vocal”, por “Fast Car”.  Naquele mesmo ano, a “Rolling Stone” elegeu o álbum em 10º lugar na sua lista dos “100 Melhores Álbuns dos Anos 1980”.

Faixas:

Lado A
  1. "Talkin' Bout a Revolution" 
  2. "Fast Car"
  3. "Across the Lines"
  4. "Behind the Wall"
  5. "Baby Can I Hold You"
Lado B 
  1. "Mountains o' Things"
  2. "She's Got Her Ticket"
  3. "Why?"
  4. "For My Lover"
  5. "If Not Now..."
  6. "For You"

Todas as faixas foram compostas por Tracy Chapman.


"Fast Car"


"Talkin' Bout a Revolution" 


"Baby Can I Hold You" 


"For My Lover" 

Comentários