“Surrealistic Pillow” (RCA Victor, 1967), Jefferson Airplane
Em meados da década de 1960, o clima juvenil e inocente da turma
da praia fomentado pela surf music dos Beach Boys, Jan & Dean entre outros cedia
lugar à explosão do movimento hippie na Califórnia. A cidade de San Francisco
havia se tornado a “meca” da contracultura, e jovens cabeludos de várias partes do
mundo se dirigiam para lá em busca de novas experiências, curtir um “barato
total”, expandir a consciência através de drogas, o amor livre, protestar
contra a guerra do Vietnã e as convenções conservadoras. Era o “flower power”
estabelecendo uma nova ordem e que iria influenciar não só o comportamento dos
jovens como também a música pop. Sob essa nova realidade, uma nova e rica cena
musical californiana se firmava, e novas bandas em Los Angeles e San Francisco
surgiam às pencas, embaladas pela sonoridade psicodélica, muito ácido na cabeça
e contestação como Grateful Dead, Big Brother & The Holding Company, The
Doors, The Mamas & The Papas, Canned Heat, Country Joe & Fish e mais
outras tantas. E nessa leva de bandas, surgia a Jefferson Airplane.
Formada em 1965, em San
Francisco, a Jefferson Airplane trazia na sua primeira formação Signe Anderson
(vocal), Marty Balin (vocal e guitarra base), Jorma Kaukonen ( guitarra), Paul
Kantner ( guitarra e vocal), Jack Casady (baixo) e Alexander Skip Spence
(bateria). No primeiro álbum, lançado em 1966, o sexteto mostrava uma
sonoridade muito influenciada pelo folk rock dos Byrds e dos Beatles. No mesmo
ano, a banda sofreu duas baixas, Skip saiu em junho e em seu lugar entrou
Spencer Dryden, uma baterista com formação jazzista, e em outubro, por causa da
gravidez, Signe foi substituída por Grace Slick , ex-vocal da The Great
Society. Com a chegada de Slick, o Jefferson Airplane logo entrou em estúdio
para gravar o segundo álbum, o Surrealistic Pillow.
Jefferson Airplane em 1967, da esquerda para a direita : Jack Casady, Martin Balin, Paul Kantner, Grace Slick, Spencer Dryden, Jorma Kaukonen |
Em fevereiro de 1967, Surrealistic
Pillow foi lançado e trouxe uma proposta diferente do álbum anterior. O
novo álbum trazia o folk rock da banda embebido pelo nascente som psicodélico e
apresentava a voz poderosa e imponente de Grace Slick. Surrealistic Pillow foi disco de
ouro, alcançou a marca de 1 milhão de cópias vendidas. Dentre os destaques do
álbum, está o canto ao amor livre de “Somebody to Love” (5º lugar da parada
norte-americana), "How Do You Feel" e seus vocais que remetem aos
Byrds, a bela e intimista balada “Comin' Back to Me”, na voz de Marty Balin, o
folk instrumental de "Embryonic Journey" e o canto falado que
antecipa o rap em "Plastic Fantastic Lover”.
Mas o grande destaque mesmo do
álbum foi "White Rabbit". Assim como “Somebody to Love”, "White
Rabbit" foi trazida para o Jefferson por Grace Slick da sua antiga banda, a
The Great Society. Na época, “White Rabbit" foi cercada de polêmica. A
letra faz uma conexão entre a obra de Lewis Carrol, “Alice No País das
Maravilhas” com uma suposta experiência com LSD, como diz os versos “Uma pílula
deixa você maior / e uma pílula deixa você pequeno / e as que sua mãe te dá /
não fazem efeito algum / vá perguntar à Alice / Quando ela estiver com dez pés
de altura”. A polêmica, no entanto, não impediu que o single de "White
Rabbit" chega-se ao 8º lugar da parada norte-americana e tornar-se um
clássico do cancioneiro lisérgico.
Surrealistic Pillow foi
lançado no mesmo ano em que outros grandes álbuns psicodélicos foram lançados como
o homônimo álbum de estreia dos Doors, Are You Experienced (The Jimi
Hendrix Experience), Forever Changes (Love), The
Piper At The Gates Of Down (Pink Floyd), Disraeli Gears (Cream), Sgt
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts
Club Band (The
Beatles).
Faixas:
Lado A
- "She Has Funny Cars" (Marty Balin - Jorma Kaukonen)
- "Somebody To Love" (Darby Slick)
- "My Best Friend" (Skip Spence)
- "Today" (Balin - Paul Kantner)
- "Comin' Back to Me" (Balin)
Lado B
- "3/5 Of A Mile In 10 Seconds" (Balin)
- "D.C.B.A.-25" (Kantner)
- "How Do You Feel" (Tom Mastin)
- "Embryonic Journey" (Kaukonen)
- "White Rabbit" (Grace Slick)
- "Plastic Fantastic Lover" (Balin)
Jefferson Airplane: Marty
Balin (vocal e guitarra), Grace Slick (vocal, piano, órgão e gravador), Paul
Kantner ( guitarra base e vocal), Jorma Kaukonen ( guitarra base e vocal), Jack
Casady (baixo) e Spencer Dryden (bateria e percussão).
"Somebody To Love"
"White Rabbit"
"Today"
"Embryonic Journey"
"Plastic Fantastic Lover"
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