"Revolver" (1966), The Beatles
No último dia 05 de agosto, completaram-se 50 anos de lançamento do álbum Revolver, um dos meus álbuns preferidos dos Beatles. No Reino Unido foi lançado naquela data, nos Estados Unidos, no dia 08. O sétimo álbum dos “Fab Four” prosseguiu o experimentalismo iniciado pelo quarteto em Rubber Soul (1965).
Revolver é inovador, ousado e mostra os Beatles mais maduros artisticamente, com uma visão musical ampliada e com capacidade de unir num mesmo álbum a vanguarda e canções com apelo pop. A música erudita de vanguarda de John Cage e Karlheinz Stockhausen, a música indiana, o jazz e o pop negro da Motown foram referências para a concepção de Revolver.
Os Beatles na foto da contracapa de Revolver |
O álbum traz inovações no campo das técnicas de gravação e manipulação sonora como os vocais em ADT (Artificial Double Tracking), técnica especialmente criada para os Beatles pelo engenheiro de gravação da EMI inglesa, Ken Townshend; microfones enfiados dentro de instrumentos de sopro, violoncelos e bateria; gravações de guitarra de trás pra frente emais tantas outras novidades.
As experiências dos Beatles com drogas como maconha e LSD, serviram como recursos de expansão criativa que acabaram se refletindo nas letras e nos arranjos de algumas faixas. “Got To Get You Into My Life" é uma disfarçada ode à maconha. A psicodélica "Tomorrow Never Knows" descreve uma “viagem” de ácido lisérgico. A psicodelia e as referências ao LSD prosseguem em “She Said She Said” e "Doctor Robert".
Revolver não se resume a rock psicodélico. O pop barroco está presente no álbum através das faixas "Eleanor Rigby" e "For No One", ambas uma evolução natural de “Yesterday”, compostas por Paul McCartney. "Love You To", de George Harrison, mostra o músico cada vez mais focado na cultura indiana. A aventureira "Yellow Submarine", cantada por Ringo Starr, agradou em cheio o público infantil e serviu de tema para um desenho animado dos Beatles.
Capa inicial criada por Robert Freeman. |
Algo que também fica claro em Revolver é que Paul McCartney e George Harrison se mostram mais inspirados como compositores. Harrison, que aparece com três músicas, consegue aos poucos, a cada disco, ter mais espaço como autor frente à hegemonia Lennon-McCartney.
O sétimo álbum dos Beatles tinha como nome provisório Abracadabra . O fotógrafo Robert Freeman, o mesmo que fez as fotos das capas de With The Beatles, Beatles For Sale e Rubber Soul, até havia feito a arte da capa do novo álbum. Porém, a banda reprovou a arte e decidiu mudar o nome do disco para Revolver, fazendo alusão a rotação, movimento, e não a arma como muitos pensam. E o novo título era bem condizente ao novo momento em que o quarteto estava vivendo.
Esboços da capa de Revolver e o criador Klaus Voorman |
Com a mudança para o novo título, a banda recorreu ao designer gráfico alemão Klaus Voormann, velho amigo dos Beatles desde a época em que o quarteto fazia temporadas em Hamburgo, Alemanha, no começo dos anos 1960. O artista fez vários esboços, e a concepção final foi um trabalho que uniu desenho e colagem de fotografias dos Beatles feitas pelo fotógrafo Robert Whitaker. A arte foi logo aprovada pelos Beatles e Brian Epstein, empresário da banda.
Revolver significou para a crítica especializada da época, o mais alto patamar alcançado pelos Beatles e difícil de ser superado pela banda. Isso até o lançamento do álbum seguinte, Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, em 1967. Mas isso é uma outra história.
"Yellow Submarine"
"Eleanor Rigby"
"I'm Only Sleeping"
"Tomorrow Never Knows"
Comentários
Postar um comentário